sexta-feira, 18 de maio de 2012

Descontraindo a Consciência - Deepak Chopra

Uma Solução Espiritual - Respostas para os Maiores Desafios da Vida. Ninguém vai discordar que a vida traz desafios, mas dê um passo para trás, por um momento, e pergunte a questão mais profunda sobre o porquê disso. Porque a vida é tão difícil? Não importa com quais vantagens você nasce: com dinheiro, inteligência, uma personalidade atraente, uma boa perspectiva de vida, ou uma vida social com boas conexões; nada disso fornece uma chave mágica para uma existência fácil. De alguma forma a vida consegue trazer problemas difíceis, causas de sofrimentos incalculáveis e de muitas lutas. A forma como você enfrenta seus desafios, faz toda a diferença entre a promessa de sucesso, e o espectro do fracasso. Existe uma razão para isso, ou a vida é simplesmente uma série aleatória de eventos que nos mantém fora do equilíbrio, e quase incapazes de lidar com isso? A espiritualidade começa com uma resposta decisiva para essa pergunta. Ela diz que a vida não é aleatória. Existe um padrão e um propósito dentro de cada existência. A razão pela qual surgem os desafios é simples: para torná-lo mais consciente do seu propósito interior. Se a resposta espiritual é verdadeira, deve haver uma solução espiritual para cada problema que existe. A resposta não se encontra ao nível do problema, embora a maioria das pessoas concentrem todas as suas energias neste nível... A solução espiritual está além. Quando você pode ter a sua consciência fora do local onde a luta está sempre presente, duas coisas acontecem ao mesmo tempo: sua consciência se expande e, com isso, novas respostas começam a aparecer. Quando a consciência se expande, eventos que parecem aleatórios, na verdade não são. Um propósito mais amplo está tentando se desenrolar através de você. Quando você se torna consciente desse propósito, que é único para cada pessoa, você se torna como um arquiteto, a quem foi entregue um projeto. Em vez de colocar tijolos e tubos de encaixe de forma aleatória, o arquiteto pode agora avançar com a confiança de que ele sabe como o edifício deve parecer e como construí-lo. O primeiro passo neste processo é o reconhecimento de qual nível de consciência, você está trabalhando neste momento. Toda vez que um desafio surge em seu caminho, mesmo que, sobre relacionamentos, trabalho, transições pessoais, ou uma crise que exige uma ação imediata, existem três níveis de consciência. Tome consciência deles, e você vai dar um passo enorme no sentido de encontrar uma resposta melhor. Nível 1: Conscientização contraída Este é o nível do problema, e por isso imediatamente toma a sua atenção. Algo deu errado. As expectativas se azedaram. Você enfrenta obstáculos que não querem se mover. À medida que aumenta a resistência, a sua situação ainda não melhorou. Se você examinar o nível do problema, os seguintes elementos estão geralmente presentes: 1 - Seus desejos são frustrados. Algo que você deseja encontra uma oposição. Você sente como se cada passo à frente, fosse uma batalha. 2 - Você continua fazendo mais, daquilo que inicialmente não funcionou. 3 - Há uma ansiedade brotando, e o medo de fracassar. 4 - Sua mente não está clara. Há uma perturbação e um conflito interno. 5 - À medida que aumenta a frustração, sua energia se esgota. Você se sente mais e mais exausto. 6 - Você pode dizer se você está preso ao nível de consciência contraído, por um simples teste: quanto mais você se esforça para se livrar de um problema, mais você fica preso a ele. Nível 2: expansão da consciência Este é o nível em que as soluções começam a aparecer. Sua visão se estende para além da região do conflito, dando-lhe mais clareza. Para a maioria das pessoas este nível não está imediatamente disponível, porque a primeira reação a uma crise é contrair-se. Elas se tornam defensivas, desconfiadas, cautelosas e com medo. Mas se você se permitir expandir-se, vai perceber que os seguintes elementos entrarão em sua consciência: 1 - A necessidade de lutar começa a diminuir. 2 - Você começa a deixar acontecer. (Expectativa positiva interior) 3 - Mais pessoas se conectam com você. Você os permite mais acesso. 4 - Você se aproxima de decisões com mais confiança. 5 - Você encara o medo de forma realista e ele começa a diminuir. Com uma visão mais clara, você não mais se sente confuso e conflituoso. Você pode dizer que atingiu este nível de consciência quando já não se sente preso: o processo já começou. Com uma maior expansão, forças invisíveis vêm em seu auxílio. Você avança de acordo com o que você deseja da sua vida. Nível 3: Pura Consciência Este é o nível em que não existem problemas. Cada desafio é uma oportunidade criativa. Você se sente completamente alinhado com as forças da natureza. O que torna isso possível é que a consciência pode se expandir sem limites. Embora possa parecer que é preciso uma longa experiência no caminho espiritual para atingir a pura consciência, a verdade é exatamente a oposta. A cada momento, pura consciência, está em contato com você, enviando impulsos criativos. Tudo o que importa é a forma como você está aberto para as respostas sendo apresentadas. Quando estiver totalmente aberto, os seguintes elementos estarão presentes: 1 - Não há luta. 2 - Desejos chegam à sua plenitude de forma espontânea. 3 - A próxima coisa que você deseja é a melhor coisa que poderia acontecer. Você beneficia a si mesmo e aqueles ao seu entorno. 4 - O mundo exterior reflete o que está acontecendo em seu mundo interior. 5 - Você se sente completamente seguro. Você se sente em casa, no universo. 6 - Você vê a si mesmo e ao mundo com compaixão e compreensão. Para estar completamente em pura consciência, é a iluminação, um estado de unidade com tudo o que existe. Em última análise, toda a vida está se movendo nessa direção. Sem atingir o objetivo final, você pode dizer que está em contato com a pura consciência, se você se sente verdadeiramente, a si mesmo, em um estado de paz e liberdade constante. Cada um destes níveis traz seu próprio tipo de experiência. Isto pode ser facilmente visível quando há um acentuado contraste ou uma mudança súbita. Amor à primeira vista, leva uma pessoa, sem aviso algum, de uma consciência contraída, para a consciência expandida. Em vez de se relacionar de uma forma normal social, de repente você vê um imenso apelo, e mesmo a perfeição, em uma outra pessoa. No trabalho criativo, há a experiência do "Aha!". Em vez de lutar com uma imaginação bloqueada, de repente, a resposta se apresenta, fresca e nova. Ninguém duvida que existam tais manifestações divinas. Eles podem mudar a vida, como na experiência máxima, assim chamada, quando a realidade é inundada de luz e uma revelação desponta. O que as pessoas não veem é que a consciência expandida deveria ser nosso estado normal de consciência, não apenas um momento de extraordinária diferença. Tornar isso normal é o ponto principal da vida espiritual. Ao ouvir as pessoas contarem suas histórias de problemas, obstáculos, fracassos e frustrações, uma existência presa em uma consciência contraída, uma pessoa enxerga que a obtenção de uma nova visão, é fundamental. É muito fácil se perder em detalhes. As dificuldades de enfrentar cada desafio são muitas vezes esmagadoras. Não importa o quão intensamente você sente a sua situação, que tem suas próprias dificuldades únicas, se você olhar para a direita ou esquerda, você verá outras pessoas que estão muito envolvidas em suas situações. Descasque os detalhes, e o que resta é uma causa geral do sofrimento: “a falta de consciência”. Por “falta” Eu não estou insinuando fracasso pessoal. A menos que a você lhe seja mostrado como expandir a sua consciência, você não tem escolha, a não ser experimentar o estado de contração. Assim como o corpo se encolhe diante à dor física, a mente tem um reflexo que a faz recuar quando confrontada com a dor mental. Aqui, novamente, um momento de contraste súbito faz com que seja fácil experimentar o que se sente com uma contração. Imagine-se em qualquer das seguintes situações: 1 - Você é uma jovem mãe que levou o seu filho ao playground infantil. Você conversa por um momento com outra mãe, e quando você se vira não consegue ver seu filho. 2 - No trabalho, você está sentado em seu computador quando alguém casualmente menciona que haverá demissões, e que, o chefe quer falar com você. 3 - Você abre sua caixa de correio e encontra uma carta do Imposto de Renda. 4 - Enquanto dirigia se aproxima de um cruzamento quando, de repente, um carro atrás de você, desvia e passa do seu carro, e atravessa a luz vermelha. 5 - Você entra em um restaurante e vê sua esposa sentada com um companheiro atraente. Eles estão se inclinando em direção um do outro, falando em voz baixa. Não é preciso muita imaginação para sentir a súbita mudança de consciência que estas situações provocam. Ansiedade, pânico, raiva e apreensão inundam a sua mente, estes são o resultado de alterações cerebrais enquanto a mente inferior prevalece sobre a mente superior, desencadeando a liberação de adrenalina, como parte de uma série de reações físicas, conhecidas como resposta ao estresse. Qualquer sentimento é tanto mental quanto físico. O cérebro fornece uma representação precisa do que a mente está experimentando, com base em infinitas combinações de sinais eletroquímicos que cruzam cem bilhões de neurônios. Um pesquisador do cérebro pode identificar com precisão cada vez maior, exatamente nessas regiões que produzem tais mudanças. O que não pode ser visto em uma ressonância magnética é o evento mental que incita todas essas mudanças, porque a mente funciona ao nível invisível de alerta ou de consciência. Podemos tomar esses dois termos como sinônimos, mas vamos explorá-los mais um pouco. Espiritualidade trata do seu estado de alerta, estado de consciência. Não é a mesma coisa que a medicina ou a psicoterapia. Medicina lida com o aspecto físico, onde ocorrem mudanças corporais. Psicoterapia lida com a uma dificuldade específica, tais como ansiedade, depressão ou doença mental efetiva. Espiritualidade confronta a consciência alerta, diretamente; ela objetiva produzir uma consciência mais elevada. Em nossa sociedade isso é visto como muito menos real, do que as outras formas de abordar problemas. Em momentos de angústia, as pessoas lidam com os problemas do dia a dia, da melhor forma que podem, mas com muita confusão, agitação e medo, raiva e mal humor. Nem sequer lhes ocorre emparelhar as duas palavras: “espiritual” e “solução” na mesma frase. Isso aponta para uma visão limitada sobre o que a espiritualidade realmente é, e o que ela pode fazer para ajudar a vencer os desafios de todos os dias!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os Ciganos - Zurca Sbano

Culpido e Psiquis Um dia, lá do Oriente, De onde tudo começa, Partiu meu povo contente, Caminhando sem ter pressa. Quando partiu? Ninguém sabe. Por que partiu? Ninguém diz. Partiu quando deu vontade. Por que partiu? Porque quis. Então aqui aparecemos, Sem nunca saber quem somos. Nosso passado esquecemos, Só interessa o que somos. Dizer que pátria não temos, É uma grande insensatez. A nossa pátria, sabemos É maior que a de vocês. Sua pátria é um país somente, A nossa é toda essa terra, Que Deus nos deu de presente, Por nunca fazermos guerra. Somos um povo que canta... Feliz por saber viver. O por-do-sol nos encanta, Amamos o amanhecer. O ontem, sempre passado... Amanhã sempre futuro... Vivemos despreocupados O hoje que é mais seguro. E assim, sempre de partida, Ora no campo, ora na cidade Amamos a nossa vida Somos reis da liberdade.

terça-feira, 1 de maio de 2012

HGCB - A imigração de ciganos não-ibéricos / Culinária Árabe inspiração Rom.

Acredita-se que até o final do século XVIII existissem no Brasil somente ciganos originários da Península Ibérica, os chamados Calon, ou Kalé. Mas já na primeira metade do século XIX, chegaram alguns ciganos Rom acompanhados ou não de suas famílias. De acordo com as informações que pudemos apurar, o Rom que mais cedo chegou ao território mineiro foi Jan Nepomuscky Kubitschek, que trabalhou como marceneiro no Serro e em Diamantina. Atendendo pela alcunha de João Alemão, era um "imigrante vindo da Boêmia, então parte do Império Austro-Húngaro, que deve ter entrado no Brasil por volta de 1830-1835, casando-se pouco depois com uma brasileira." Em seu matrimônio com Teresa Maria de Jesus, teve pelo menos dois filhos. O primeiro foi João Nepomuceno Kubitschek, que viria a ser um destacado político. O segundo foi Augusto Elias Kubitschek, um comerciante com escassos recursos, que viveu toda sua existência em Diamantina. Augusto Kubitschek foi designado como 1º suplente de subdelegado de polícia em 1889. Também consta que teve pelo menos uma filha, Júlia Kubitschek, que viria a ser a mãe de Juscelino Kubitschek (1902-1976), que depois se tornou Presidente do Brasil (1956-60), também conhecido pelo apelido ‘JK’, o fundador da atual capital Brasília. Ou seja, um dos mais conhecidos e mais famosos presidentes do Brasil do Século XX foi um cigano, ou pelo menos um descendente de ciganos, fato que, obviamente, nenhum livro didático nem historiador algum menciona. Não sabemos se o cigano Jan Nepomuscky Kubitschek chegou só ao Brasil, ou se estava acompanhado de outros familiares ou de outros ciganos. Seu casamento com uma brasileira pode ser indício de que veio só, separado de seu grupo familiar originário. A ascensão social de seus filhos parece indicar também que estes não foram criados como ciganos. O que sobressai deste caso é que, muito antes da onda migratória dos Rom a partir de meados do Século XIX, já na década de 1830 havia entrado em Minas Gerais ao menos uma família Rom, justamente aquela que anos depois gerou o futuro Presidente da República JK. Quantas outras famílias Rom não-ibéricos chegaram durante a primeira metade do século XIX, ainda não se sabe, e certamente nunca saberemos. Somente a partir da segunda metade do Século XIX os Rom vieram em número significativo para o Brasil, provenientes da Itália, da Alemanha, dos Balcãs e da Europa Central. Num livro publicado em 1886, James W. Wells, identifica como sendo romenos, portanto Rom, os ciganos de Contendas, os quais encontrou em 1873. Da documentação que se conhece até agora, esta é a data mais remota indicando a presença de um grupo desses ciganos no Brasil. Em 8mai1899, chegou à cidade Palmyra "um bando de cerca de 40 ciganos, composto de indivíduos de nacionalidade italiana e grega", que eram também ciganos Rom. Acredita-se que o maior número de ciganos Rom chegou ao Brasil no final do século XIX, juntamente com a primeira onda migratória de italianos, alemães, poloneses, russos e gregos, embora a partir da instalação da República, a polícia portuária tenha proibido o desembarque de ciganos em território brasileiro. Esta proibição, na verdade, já era aplicada, um pouco antes, como num episódio ocorrido em 1887: O Sr. ministro da agricultura tem noticia de que em um dos vapores esperados no Rio vém sem passagens, para o Brasil, centenas de turcos ou bohemios sem profissão, telegraphou para os portos intermediários, afim de que não lhes fosse permitido o desembarque. No Rio foram dadas as mesmas ordens. Por isso, a entrada dos Rom no Brasil se deu totalmente na clandestinidade. A princípio, com esses ciganos apresentando-se como sendo de nacionalidade do país de onde vinham, o que não era completamente falso, mas que eram identidades secundárias para os ciganos. Além de virem como russos, poloneses, romenos, gregos, etc., a outra possibilidade era desembarcarem fugindo de qualquer contato com as autoridades portuárias e de imigração. Dornas Filho, falando de Minas Gerais, informa: Em março de 1909 aparecia em Juiz de Fora uma horda de ciganos, composta de 12 homens, 10 mulheres e 15 crianças que já delata nos meios de vida a influência da reação policial. Tornaram-se exclusivamente saltimbancos, apresentando animais amestrados (ursos, macacos, cães, etc.) O chefe do grupo, homem alto e corpulento, de cabelos crescidos até os ombros, interrogado pela polícia, não soube explicar-se em português e nem outra língua conhecida, permitindo as autoridades que ele exibisse os seus animais no pátio da cadeia. Ou seja, com certeza não eram ciganos de origem ibérica, mas de algum país balcânico. Mais adiante Dornas Filho faz referência a ciganos oriundos da Sérvia pertencentes às famílias Anovich, Ivanovich e Petrovich, alguns membros dos quais aparecem constantemente nas crônicas policiais da época. Dois irmãos Anovich massacraram, em 1917, por motivos desconhecidos, toda a família de um cigano grego, incluindo seis filhos menores. Também vários membros da família Petrovich foram, em épocas diferentes e por crimes diversos, presos pela polícia de Belo Horizonte, como também no Rio de Janeiro. Oliveira China dedica pouco mais de quarenta páginas aos ciganos no início do Século XX (isto é, até 1936, ano da publicação de seu livro), tratando Estado por Estado, baseando-se em notícias de jornais e em informações de alguns intelectuais com os quais falou pessoalmente ou manteve correspondência. As notícias de jornais invariavelmente parecem ser tiradas das páginas policiais, nas quais os ciganos são apresentados como criminosos, ladrões, velhacos etc., e as ciganas como “bruxas” e trambiqueiras que enganam o povo praticando a quiromancia, furtando, etc. Mas também os intelectuais entrevistados por Oliveira China não escapam dos preconceitos. Basta ler, por exemplo, a resposta de Mário Torres, quando perguntado sobre os usos e costumes dos ciganos baianos: Continuam a ser astutos, velhacos, errantes e miseráveis, procurando viver da pirataria, da troca nas feiras, enganando compradores e vendedores. São conhecidos por ladrões de cavalos. Às vezes se dedicam à confecção de objetos de cobre, que procuram vender nas feiras (caldeireiros). A princípio o bando trazia sempre um urso e macacos que dançavam ao som de pandeiros e meninos que faziam acrobacias. As mulheres liam, de preferência, a buena-dicha, do que faziam fonte de receita. O roubo entre eles sempre foi praticado como profissão. (...). As mulheres são raptadas e os filhos batizados, porque isto lhes dá margem a presentes. (...). Os ciganos são excessivamente mentirosos. As mulheres, quando viajam a cavalo, montam como os homens, enganchadas. Quando dão a luz, continuam seus trabalhos como se nada houvesse acontecido. A quase totalidade destas informações absolutamente nada acrescenta à ciganologia brasileira, porque apenas repete velhos estereótipos e denúncias de indivíduos que tentaram enganar os ciganos mas foram por eles enganados, ou por pessoas que nunca tiveram contato pessoal com ciganos. Apesar de Torres informar desconhecer qualquer caso de ciganos “estrangeiros” (o que no Brasil significa: “não-ibéricos”) recém chegados, a sua referência acima ao urso e às atividades de caldeireiros, faz supor que neste caso se tratava não de ciganos calon, de origem ibérica, mas de ciganos rom, de origem balcânica, e que então deveriam ter chegado ao país há pouco tempo, já que aqui dificilmente teriam encontrado um urso, animal que não faz parte da fauna brasileira. Um recorte do Diário da Bahia, de janeiro de 1935, anexado logo a seguir, informa que “a cidade está infestada de ciganos”, e cita nominalmente a família Michlos, de origem não declarada, mas certamente não-ibérica, e a família Ducas, de nacionalidade russa. Ou seja: com certeza eram ciganos Rom. Um longo artigo de jornal de 1936 trata dos ciganos no Rio de Janeiro e nele o autor anônimo faz referência a ciganos, “uma coletividade de excêntricos”, oriundos de países balcânicos, e talvez pela primeira vez alguém informa ao público que os ciganos não são todos iguais, mas têm costumes diferentes: Em nossa capital, em virtude do serviço de qualificação recentemente criado pela polícia, muitas colônias de ciganos se transferiram para o interior. Comtudo, ainda existem alguns núcleos de zíngaros da Grécia e da Iugoslávia (....) Os da Iugoslávia, cujo quartel general é [num botequim] na rua Senador Pompeu (....) são ciganos que não trabalham. Os homens passam o dia todo na maior ociosidade; quando não jogam cartas, dormem profundamente. As mulheres é que ‘trabalham’, iludindo a boa fé alheia e sustentando à custa da ‘buena-dicha’ os barbados da família. Os da Grécia, que vivem no Meyer, (...) são mais prestativos e obedecem a outros costumes. Os homens geralmente têm profissão e ganham a vida à custa das suas atividades como concertadores e estanhadores de caldeirões e panelas (....). As mulheres, entretanto, não deixam de se ocupar com a ‘leitura da sorte’ dos incautos (....). Si entre uns e outros difere o modo de vida, em compensação o ‘habitat’ é idêntico. Uma casa de ciganos é igual à de todos os outros. Não tem mobília. Não existe mesa, nem cadeira, nem cama. Mas há abundância de tapetes velhos e imundos, pendendo pelas paredes (...). Dormem no chão, ou (...) sobre um acolchoado. A roupa de uso se espalha em desordem por todos os recantos da casa. Assim é a moradia dos ciganos que residem em casa de pedra e tijolo. Os ciganos da Grécia, entretanto, preferem passar o tempo nas barracas armadas no fundo do quintal. Trocam a casa pela tenda (...). Em outro artigo de jornal informa-se ainda que as ciganas, para escapar das perseguições policiais, passaram a instalar-se em locais fixos, anunciando seus serviços nos jornais. Algumas ciganas até requereram ‘habeas corpus’ para poderem exercer a sua profissão. Algo que o autor considera um absurdo, pelo que solicita “uma repressão séria, urgente e enérgica da polícia” contra essas “embusteiras e mistificadoras do povo” que “zombam das nossas leis e das nossas autoridades”. Os ciganos nos documentos históricos. Os dados históricos até hoje disponíveis sobre ciganos no Brasil são comprovadamente poucos, porque os historiadores brasileiros nunca deram a mímima importância à História Cigana. O pior, no entanto, é que, quando existem informações históricas, se trata de dados enviesados, distorcidos pela visão etnocêntrica dos informantes e dos próprios historiadores. Os ciganos costumam ser apresentados como ladrões (de galinhas a cavalos, e inclusive de criançinhas) e assassinos, mas não são apresentadas provas concretas destes supostos crimes. Durante a maior parte da história brasileira, praticamente só se falou de ciganos quando sua presença inquietou as autoridades. Isto ocorria, por exemplo, quando eram acusados de roubarem cavalos. Nas poucas vezes que se escrevia sobre aspectos culturais dos ciganos, não havia qualquer interesse sobre como eles próprios viam sua cultura. Os contadores da ordem pública, com os chefes de polícia, os compreendiam como sendo "perturbadores da ordem", responsáveis pelos mais hediondos crimes. Outras fontes, como viajantes e memoralistas, recorriam aos estereótipos corriqueiros, como "sujos", "trapaceiros" e "ladrões". Isto funciona como um indicador: os ciganos eram raramente considerados por si mesmos, e, com freqüência, eram sinônimos de barbárie, imundície, desonestidade e imoralidade. Assim, a documentação se detém pouco sobre os ciganos singulares, que tornam-se desprovidos de existência. Quase sempre incidem sobre "o cigano", entidade coletiva e abstrata à qual se atribuem as características estereotipadas. Os ciganos no Brasil sempre estiveram em dissonância aos ideais de civilização e progresso. São identificados como elementos incivilizáveis, inúteis à sociedade, supersticiosos, corruptores dos costumes, vândalos, enfim, uma anomalia social e racial. Uma vez vistos desta maneira, as autoridades tentavam controlá-los, sem obterem, no entanto, grande eficácia. Em Minas Gerais, por exemplo, no final do século XIX e início do XX ocorreu o ápice dos confrontos entre a polícia e os ciganos. Foram as "Correrias de ciganos" que, como veremos mais adiante, eram movimentações destes em fuga, por estarem sendo perseguidos pela polícia. Nessas correrias ocorriam freqüentes tiroteios, que resultaram em mortos de ambos os lados. Na realidade, os documentos contam mais sobre os preconceitos do que propriamente dito sobre a História dos Ciganos no Brasil, que continua praticamente incógnita. E esta ignorância gera inclusive medo, como prova Artur Lobo, ao descrever, em 1901, o encontro de alguns viajantes com um grupo de ciganos: “Os ciganos! Não foi sem um profundo receio que uma mesma exclamação nos escapou, porque bandos de ciganos que percorriam os sertões em medonhas correrias praticavam impunemente roubos e depredações, fugindo à ação da polícia”. Os ciganos se aproximam e “se bem que a sua atitude nada tivesse de hostil, nem por isso nos sentimos menos tranquilos e receiosos de uma cilada”. Os ciganos gentilmente convidam para ficar um pouco, ensinam o caminho e no final desejam uma boa viagem. “Partimos, sabe Deus com que satisfação e alívio, sem procurar saber por que motivo não nos tinham eles subtraído pelo menos qualquer pequeno objeto de uso; e de longe ainda vimos espalhada pelo campo afora aquela caravana que assim ia errante pelos sertões, numa vida de cruéis aventuras, sem um destino determinado nem paradeiro certo, deixando atrás de si uma sinistra nomeada de rapacidade e mesmo de assassínios....”. Link para arquivos de receitas da culinária Árabe: http://www.4shared.com/office/UqpbiFAD/rabes_quibes.html http://www.4shared.com/office/W7SwI2_t/rabes_pratos_quentes.html http://www.4shared.com/office/BXFHoJYE/rabes_pratos_frios.html http://www.4shared.com/file/mhpKdpdC/rabes_doces.html http://www.4shared.com/office/aYwa-q66/rabes_culinaria.html http://www.4shared.com/office/pN5-Q55f/rabes_conservas.html

JcShow

O que é ser Voluntário!

Acordemos

É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.