sexta-feira, 11 de junho de 2010

Palavras de Despedida a Cada um dos discípulos


A João

Tu, João, és o mais jovem de meus irmãos. Tens estado muito junto de mim e, ainda que eu ame a todos vós com o mesmo afeto que um pai tem por seus filhos, foste designado por André como um dos três que sempre deveriam estar ao meu lado. Além disso, tens atuado por mim mesmo e deves continuar assim, trabalhando pelos assuntos relacionados com minha família na Terra... Eu vou
ao Pai, João, cheio de confiança em que continuarás velando por aqueles que são meus na carne.

Cuida que a confusão em que estão, com respeito à minha missão, de maneira alguma te impeça de lhes dar toda a simpatia, orientação e ajuda que, tu sabes, eu lhes daria se devesse permanecer na carne. E agora, enquanto ingresso nas horas finais da minha carreira na Terra, permanece próximo, à mão, para que eu possa deixar alguma mensagem à minha família.

No que diz respeito à minha obra, posta em minhas mãos pelo Pai, está concluída, com exceção de minha morte na carne. E estou preparado para beber este último cálice. Quanto às responsabilidades deixadas por José, meu pai na terra, assim como eu as atendi durante minha vida, dependo agora de ti para que atues em meu lugar, resolvendo esses assuntos. E te escolhi para que faças isso por mim, João, porque és o mais jovem e, portanto, é mais provável que
sobrevivas aos outros apóstolos. Uma vez chamei a ti e a teu irmão de filhos do trovão. Começaste conosco com uma mente rígida e intolerante. Mas mudastes muito desde que me pediste que fizesse cair fogo do céu contra os não-crentes ignorantes e irrefletidos. E ainda deves mudar mais. Tens de chegar a ser o apóstolo do novo mandamento que vos dei esta noite. Dedica tua vida a ensinar teus irmãos a amarem-se uns aos outros como eu vos amei.

E assim o farei, Mestre. Mas como posso aprender a amar meus irmãos?

Aprenderás a amar teus irmãos quando aprenderes a amar primeiro o Pai do céu e quando chegares a estar verdadeiramente interessado no bem-estar de todos eles... no tempo e na eternidade. E todo esse interesse humano vê-se favorecido com o serviço generoso, com a compreensão, com a simpatia e o perdão ilimitado. Homem algum depreciará tua juventude. Exorto-te, porém, a que concedas sempre a devida consideração ao fato de que a velhice representa, normalmente, experiência. E nada, nos assuntos do homem, pode substituir a autêntica experiência. Esforça-te por viver pacificamente com todos os homens. Em especial com teus amigos na irmandade do Reino Celestial.

E lembra-te sempre, João: não lutes com as almas que poderias ganhar para o Reino.

A Simão o Zelote

És um verdadeiro filho de Abrahão. Mas quanto tempo levei para te converter em um filho do Reino Celestial!... Quero bem a ti e a teus irmãos também. Sei que me amas, Simão, e que amas também o reino, mas continuas tentando fazer com que esse Reino esteja de acordo com teu gosto. Sei muito bem que, finalmente, compreenderás a natureza espiritual e o significado do meu Evangelho e que realizarás um valente trabalho para que ele seja proclamado. Mas estou preocupado pelo que possa ocorrer a ti quando me for. Alegrar-me-ia saber que não duvidarás. Seria feliz se pudesse saber que, depois que eu voltar ao Pai, não deixarás de ser meu apóstolo e te comportarás devidamente como mensageiro do Reino Celestial.

Mestre, não temas por minha lealdade. Voltei as costas a tudo para poder dedicar minha vida à implantação do teu Reino na Terra e não falharei. Até agora sobrevivi a todas as armadilhas e não te abandonarei.

É realmente agradável ouvir-te falar assim em um momento como este. Mas, meu bom amigo, ainda não sabes do que estás falando. Nem por um instante duvidaria de tua lealdade ou devoção. Sei que não vacilarias em preosseguir na luta e em morrer por mim, como fariam estes... Mas não se exigirá isso de vós. Tenho-vos dito e repetido que meu Reino não é deste mundo e que meus
discípulos não lutarão para levar a cabo sua implantação. Disse-vos muitas vezes, Simão, mas não quereis enfrentar a verdade. Não estou preocupado com vossa lealdade para comigo ou para com o reino. Mas que fareis quando eu me for e vos derdes conta de que não compreendestes o significado de meu ensinamento e tiverdes de ajustar vossos conceitos errôneos a outra realidade?

Nenhum de meus apóstolos é mais sincero e honesto de coração do que tu, mas nenhum estará tão abatido e perturbado como tu, depois da minha ida. No teu desalento, meu Espírito morará em ti, eestes, teus irmãos, não te abandonarão. Não esqueças o que te ensinei sobre a relação entre os cidadãos do mundo e a “cidadania” dos outros filhos: os do Reino de meu Pai. Medita bem sobre tudo que te tenho dito sobre dar a César o que é de César, a Deus o que é de Deus, e a mim o que é meu. Dedica tua vida, Simão, a mostrar quanto pode o homem mortal aceitar cumprir meu preceito referente ao reconhecimento simultâneo do dever temporal para com os poderes civis e o serviço espiritual na irmandade do reino. Se és ensinado pelo Espírito da Verdade, nunca haverá conflito entre as obrigações impostas pela cidadania da Terra e as próprias de filho do céu... a não
ser que os dirigentes temporais exijam de vós a homenagem e a admiração que só a Deus pertencem.

E agora, Simão, quando finalmente vires tudo isso, sacudires de ti o desânimo e caminhares adiante, nunca esqueças que eu estava contigo, mesmo nos momentos de desalento, e que cntinuarei contigo até o fim. Sempre serás meu apóstolo e, quando chegares a ver com os olhos do espírito e a submeter plenamente tua vontade à do Pai do céu, então voltarás a trabalhar como meu emissário. Apesar da tua lentidão em compreender as verdades que te tenho ensinado, ninguém tirará de ti a autoridade que te dei. Assim, Simão, previno-te uma vez mais: os que lutam com a espada morrem pela espada. Mas os que trabalham noespíritoconseguem a vida eterna no Reino e a paz e a alegria na Terra. Quando a missão incumbida a ti tiver terminado no mundo, tu, Simão, te sentarás comigo em meu reino. E verás realmente o Reino pelo qual tens suspirado. Não, porém, nesta vida. Continua crendo em mim e no que te revelei e receberás o presente da vida eterna.

A Mateus Levi

Já não te competirá cuidar da caixa do grupo apostólico. Breve, muito breve, todos vos dispersareis. Não vos será permitido desfrutar sequer do reconfortante e contínuo apoio de um só de vossos irmãos. Quando sairdes a pregar este Evangelho do reino, tereis de buscar novos companheiros. Eu vos enviei dois a dois durante o tempo de treinamento, mas, agora que vos deixo, deveis, assim que vos tiverdes recobrado do golpe, ir sozinhos até os confins da Terra
proclamando esta boa-nova: que mortais vivificados na fésão os filhos de Deus.

Mas, Mestre, quem nos enviará e como saberemos aonde ir? André nos ensinará o caminho?

Não, Levi, André não vos dirigirá mais na proclamação do Evangelho. Na verdade, continuará como vosso amigo e conselheiro até o dia em que chegar o novo Mestre. Então, o Espírito da Verdade vos guiará ao estrangeiro para que trabalheis pela ampliação do reino. Muitas mudanças operaram-se em vós desde aquele dia, no armazém aduaneiro, quando pela primeira vez começastes a seguir-me. Mas muitas mais devem acontecer antes que possais contemplar a visão de uma irmandade na qual estrangeiros e judeus se sentem em associação fraternal. Mas sede rápidos em ganhar vossos irmãos judeus. Quando vos sentirdes totalmente satisfeitos, voltai então com ardor para os estrangeiros. De uma coisa podes estar seguro, Levi: ganhaste a confiança e o afeto de teus
irmãos. Todos te querem. Levi, sei de tuas ansiedades, sacrifícios e trabalhos para manter cheia a caixa. Teus irmãos não o souberam. E sinto-me contente de que, ainda que o que leva a bolsa não esteja presente, aqui esteja, em minha reunião de despedida, o representante do taverneiro, como os mensageiros do reino. Oro por que possas discernir o significado do meu ensinamento com os olhos do espírito. E quando o novo Mestre chegar ao teu coração, segue adiante. Ele te guiará. E mostra a teus irmãos e a todo o mundo o que o Pai pode fazer com um odiado arrecadador de impostos que se atreveu a seguir o Filho do Homem e a crer no Evangelho do Reino. Desde o princípio, Levi, te quis como quis a esses outros Galileus. Sabendo então muito bem que nem o Pai nem o Filho têm em conta a posição das pessoas, cuida de não fazer essa distinção entre os que chegarem a crer no Evangelho através de teu ministério. E assim, Mateus, dedica toda tua
vida de serviço, no futuro, a mostrar aos homens que Deus não tem emconta a posição das pessoas. Que, no conceito do Pai e da irmandade, todos os seres humanos são iguais, todos são filhos de Deus.

A Tiago Zebedeu, Irmão de João

Tiago, quando tu e teu irmão menor chegastes uma vez a mim, buscando preferências nas honras do céu, e vos respondi que essas honras eram outorgadas pelo Pai, perguntei-vos se seríeis capazes de beber minha taça. Os dois responderam que sim. Ainda que nem então nem agora estejais preparados para isso, breve estareis dispostos para tal serviço, graças à experiência que estais a ponto de viver. Por aquele comportamento irritastes vossos irmãos. Se ainda não perdoaram a ti de todo, o farão quando virem que bebes da minha taça. Seja o teu ministério longo ou curto, conserva tua alma em paz. Quando vier o novo Mestre, deixa que Ele te ensine o equilíbrio da compaixão e essa amável tolerância que nasce da sublime confiança em mim e da perfeita submissão à vontade do Pai. Dedica tua vida a demonstrar afeto humano e dignidade combinados. E todos os que viverem assim revelarão o Evangelho, até na forma de sua morte. Tu e teu irmão João ireis por diferentes caminhos e um de vós pode ser que se sente comigo no Reino eterno muito antes que o outro.

Ajudar-vos-ia muito saber que a verdadeira sabedoria compreende discrição e coragem ao mesmo tempo. Aprendereis a sagacidade, para associá-la à vossa agressividade. Virão momentos supremos em que meus discípulos não hesitarão em dar suas vidas por este Evangelho. Mas em circunstâncias comuns será melhor aplacar a ira dos não-crentes para que possais viver e continuar regando as boas-novas. Enquanto tiverdes forças, vivei longamente para que vosso trabalho seja frutífero em almas conquistadas para o Reino Celestial.

A André
André, tu me representaste com fidelidade como cabeça dos emissários do Reino Celestial. Ainda que tenhas duvidado muitas vezes e em outras ocasiões hajas manifestado uma clara e perigosa timidez, mesmo assim tens sido sempre sincero e justo em tuas relações com os companheiros. Desde tua ordenação e a de teus irmãos, como mensageiros do Reino tens sabido governar a ti mesmo, nos assuntos administrativos do grupo. Em nenhum outro assunto temporal tive de dirigir ou influirem tuas decisões. E assim fiz para te ensinar, com vistas a tuas deliberações nos grupos futuros. Em meu Universo e no Universo dos universos de meu Pai, nossos filhos-irmãos são tratados como indivíduos em todas as suas relações espirituais. Mas nas relações de grupo fazemos que exista uma direção. Nosso Reino é um Reino de ordem e, onde duas ou mais criaturas
atuem em cooperação, sempre existe essa autoridade. E agora, André, uma vez que és o chefe de teus irmãos pela autoridade da minha nomeação, e uma vez que assim tens servido, como meu representante pessoal, e uma vez que estou prestes a ir para meu Pai, libero-te de toda
responsabilidade no concernente aos assuntos temporais e administrativos. De agora em diante podes não exercer jurisdição sobre teus irmãos, a não ser que eles a restaurem. Mas essa liberação como cabeça administrativa do grupo de maneira alguma reduz tua responsabilidade moral para fazer tudo que esteja em tuas mãos com respeito à manutenção da união de todos no período de prova que se avizinha. De agora em diante só exercerei autoridade espiritual sobre e
entre vós. Se teus irmãos desejarem conservar-te como conselheiro, eu te digo que deves
fazer tudo que possas para promover a paz e a harmonia (tanto nos assuntos temporais quanto nos espirituais) entre os grupos desinceros crentes no Evangelho. Dedica o resto de tua vida a impulsionar os aspectos práticos do amor fraterno. Sê amável com meus irmãos na carne. Mostra uma devoção amorosa e imparcial aos gregos do oeste e a Abner, do leste. Ainda que estes,
meus apóstolos, venham a ser dispersos muito em breve pelos quatro cantos da Terra para proclamar a boa-nova da salvação, deves mantê-los unidos durante o tempo de prova que se aproxima. Nessa ocasião deveis, todos vós, aprender a crer neste Evangelho sem a minha presença pessoal. E assim, André, conquanto não recaiam em ti os grandes trabalhos que vêm dos homens, contenta-te em ser o mestre e conselheiro dos que os fazem. Segue adiante com teu trabalho na
Terra (até o fim) e assim continuarás este ministério no Reino eterno. Não te tenho dito muitas vezes que tenho outras ovelhas que não as deste rebanho?

Aos Gêmeos Alfeu

Filhos meus, sois um dos três grupos de irmãos que escolheram meseguir. Os seis têm trabalhado bem e empaz com vossa própria carne e sangue. Mas ninguém o tem feito melhor que vós. Tempos duros se aproximam... Talvez não compreendais tudo que vai acontecer, mas não duvideis de que uma vez fostes chamados para a tarefa do reino. Por algum tempo não haverá multidões a
dirigir. Mas não desanimeis. Quando vosso trabalho nesta vida estiver concluído, eu vos receberei no alto e ali, na glória, falareis de vossa salvação aos exércitos seráficos e às multidões dos elevados Filhos de Deus. Dedicai vossa vida a engrandecer as tarefas triviais.

Mostrai a todos os homens e aos anjos quão alegre e valente pode chegar a ser o homem mortal.

E após vossa etapa a serviço de Deus, voltai às fainas cotidianas. E fazei-o com a nova luz da
experiência de saber que sois filhos de Deus. A vós que haveis trabalhado comigo, tudo vos tem tornado sagrado. Todo labor terreno é um serviço a Deus Pai. E quando ouvirdes notícias dos feitos dos vossos anteriores companheiros apostólicos, regozijai-vos com eles e continuai vosso trabalho diário como os que esperam em Deus e servem enquanto esperam. Tendes sido meus apóstolos e sempre o sereis e sempre lembrarei de vós no Reino que há de chegar.

A Felipe

Felipe, tens feito muitas perguntas loucas para mim. E tenho feito o possível para responder a todas elas. Agora responderei à última que surgiu em tua mente muito honesta ainda que pouco espiritual. Todo o tempo tenho estado acudindo-te enquanto te perguntavas: “Que farei se o Mestre se vai e nos deixa sós no mundo?” Oh!, tu, homem de pouca fé! E assim, e contudo, tens quase tanta quantos muitos de teus irmãos... Tens sido um bom servidor, Felipe. Não falhaste senão poucas vezes. E uma das falhas utilizamos para manifestar a glória do Pai.

Teu encargo de servidor está próximo de terminar. Logo deverás fazer o trabalho para o qual foste chamado: a pregação deste Evangelho. Felipe, sempre quiseste eu te mostrassem as coisas.

Logo verás grandes feitos. Como tens sido sincero, até mesmo em tua visão material,, viverás para ver cumpridas minhas palavras. E então, quando fores beneficiado com a visão espiritual, segue adiante com teu trabalho, dedicando tua vida à condução da humanidade para a busca de Deus e das realidades espirituais, mas com os olhos da fé, não com os da mente material. Não te esqueças, Felipe, tens uma grande missão na Terra. O mundo está cheio de homens que olham a vida como tu mesmo tens feito. Tens um grande trabalho por fazer,e quando o terminares, virás a mim, em meio reino, e terei grande prazer em ensinar-te o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, nem a mente mortal concebeu. Enquanto isso, sê como um menino no reino do espírito e permite-me, como Espírito do novo Mestre, guiar-te para o reino espiritual. Dessa forma poderei fazer muito por ti: aquilo que não pude concluir quando permaneci contigo como mortal. E lembra sempre, Felipe, quem me viu, viu o Pai.

A Bartolomeu (ou Natanael)

Natanael, tens aprendido a viver acima dos preconceitos e a praticar uma tolerância cada vez maior, posto que te fizeste apóstolo. Mas há ainda muito que aprenderes. Tens sido uma bênção para teus companheiros, sempre admoestados com tua sinceridade. Quando eu tiver partido, pode acontecer que tua franqueza interfira nas relações com teus irmãos, tanto os antigos quanto os
novos. Deves aprender que até mesmo a expressão de um bom pensamento tem de ser modulada de acordo com o nível intelectual e o desenvolvimento espiritual daquele que ouve. A sinceridade é mais útil nas tarefas do reino quando se casa com a discrição.

Se aprendesses a trabalhar com teus irmãos poderias finalizar muito mais coisas. Mas se encontrares a ti mesmo na busca daqueles que pensam como tu, nesse caso dedica tua vida a demonstrar que o discípulo conhecedor de Deus pode chegar a ser um construtor do Reino, mesmo que esteja só e separado de seus irmãos crentes. Sei que serás fiel até o fim. E algum dia te darei as boas vindas ao amplo serviço do meu reino, no alto.

Tenho escutado teus ensinamentos desde a primeira vez em que me chamaste a serviço deste Reino. Mas, honestamente, não pude compreender todo o significado do que dizes. Não sei o que devemos esperar mais. E creio que a maioria de meus irmãos está perplexa como eu, ainda que hesitem em admitir sua confusão. Podes ajudar-me?

Meu amigo, não é estranho que te encontres perplexo na tentativa de compreender o significado de meus ensinamentos espirituais. Arcas com o preconceito da tradição judaica e te empenhas em interpretar meu Evangelho de acordo com o que ensinam os escribas e fariseus. Tenho-vos ensinado pela palavra da minha boca e vivido entre vós. Tenho feito o possível para alumiar vossas mentes e libertar vossas almas, mas aquilo que não conseguistes até agora por meus ensinamentos deveis adquirir da mão desse mestre dos mestres: a experiência real. Nessa nova marcha, eu irei adiante e o Espírito estará convosco. Não temais. O que agora não podeis compreende, o novo Mestre, ao
chegar, vos revelará nesta vida e em vosso aprendizado no tempo eterno. Não vos perturbeis por não poderdes assimilar todo o significado do Evangelho.

Não sois mais do que homens finitos e mortais e o que vos tenho ensinado é infinito, divino e eterno. Sede pacientes. Tende coragem. Tendes as idades eternas diante de vós. Nelas continuareis vosso aperfeiçoamento progressivo, assim como vosso Pai do Paraíso é perfeito.

A Tomé

Tomé, muitas vezes te tem faltado a fé. Todavia, apesar desses momentos, de dúvida, nunca careceste de coragem. Sei muito bem que os falsos profetas e mestres não te enganaram.

Depois que eu me for, teus irmãos apreciarão muito tua forma crítica de ver e julgar os ensinamentos. E quando todos vos dispensardes pelos confins da terra, lembra que ainda és meu mensageiro. Dedica tua vida à grande obra de mostrar como a mente crítica material pode triunfar sobre a inércia da dúvida intelectual quando se defronta com a demonstração da manifestação da verdade viva.

Tomé, estou contente de que te tenhas unido a nós. E sei que após um curto período de perplexidade seguirás adiante, no serviço do reino. Tuas dúvidas têm confundido teus irmãos, mas não a mim. Tenho confiança em ti e irei à tua frente aos mais remotos lugares da Terra.

A Pedro

Pedro, sei que me amas. E sei que dedicarás tua vida à proclamação pública deste Evangelho do Reino a judeus e pagãos. Mas estou triste... Teus anos de firme associação comigo não te ajudaram o suficiente para pensar antes de falar... Que experiência tens de viver para aprenderes a ser cauteloso com tua boca? Quantos problemas nos tens causado por tua irreflexão e tua presunçosa confiança em ti mesmo! E estás destinado a criar para ti mesmo muitos problemas mais se não dominares essa debilidade. Sabes que, apesar desse teu defeito, teus irmãos te amam.

E deves entender também que essa debilidade de modo algum diminui meu afeto por ti. Mas reduz tua eficácia e multiplica teus problemas... Certamente, a experiência que passarás esta noite será de grande ajuda para ti. E o que agora te digo, Simão Pedro, serve também para todos os que aqui estão reunidos: esta noite correreis perigo se estiverdes comigo. Sabeis que está escrito: “O Pastor será castigado e as ovelhas, dispersadas”. Quando eu estiver ausente, haverá o risco de que alguns de vós sucumbam diante da dúvida e sofram pelo que me acontecer. Mas agora mesmo vos prometo que voltarei por um curto tempo e entrarei, então, na Galiléia.

Não importa se todos os meus irmãos vierem a sucumbir diante da dúvida por tua causa. Prometo que não estarei contra nada que possas fazer. Irei contigo! E, se for necessário, morrerei por ti!

Pedro, em verdade, em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, terás me negado... três vezes ou quatro vezes. Dessa forma, aquilo que não conseguiste aprender em tua pacífica união comigo, assumirás entre problemas e penas. E quando tiveres entendido essa lição necessária, deverás reconfortar teus irmãos e seguir adiante, levando uma vida dedicada à pregação deste Evangelho. Ainda que possas ir para a prisão e talvez me seguir, pagando o
preço supremo pelo amoroso serviço de construção do Reino do Pai. Mas, lembra minha promessa: quando eu ressuscitar, ficarei convosco algum tempo, antes de ir ao Pai. Esta noite farei súplicas para que vos fortaleçais diante do que deveis suportar. Amo a todos vós com o amor que o Pai me ama e, portanto, de agora em diante, deveis amar-vos uns aos outros como eu vos tenho amado.

O grupo pôs-se em pé e, dirigido por Jesus, entoou um novo cântico.

Cerca de 22h30 daquela quinta-feira, 6 de abril do ano 30, os passos e os murmúrios dos doze perdiam-se no piso inferior do lar da família Marcos.

A "última ceia” havia terminado.

Nenhum comentário:

JcShow

O que é ser Voluntário!

Acordemos

É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.