sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sobre os Reinos deste Mundo e o Reino do Céu

Palavras aos discípulos no cimo da colina:


Os reinos deste mundo sendo como são, materiais, podem pensar muitas vezes que é necessário empregar a força física para a execução e o desenvolvimento das leis e a manutenção da ordem.

No Reino dos Céus, os crentes não recorrem ao emprego da força física. O Reino dos Céus, sendo como é, uma irmandade espiritual entre os filhos de Deus, pode promulgar-se unicamente pelo poder do espírito. Essa diferença de procedimento não anula, todavia, o direito dos grupos sociais e crentes de manter a ordem em suas fileiras e impor disciplina entre membros ingovernáveis e indignos. Não há incompatibilidade entre ser filho do reino espiritual e cidadão do governo secular e civil. É dever do crente dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus...

Não pode haver desacordo entre esses dois requisitos. A não ser que aconteça que um César tente usurpar as prerrogativas de Deus, peça homenagens espirituais e exija que se lhe preste culto supremo. Em tal caso, deveis adorar a Deus, enquanto tentais iluminar esses dirigentes mal orientados. Não deveis render culto espiritual aos governantes da terra. Nem tampouco deveis empregar a força física dos governos terrenos.

Ser filhos do reino, do ponto de vista de um mundo avançado, deve vos converter em cidadãos ideais nos reinos terrenos. A fraternidade e o serviço – não esqueçais – são as pedras angulares do Evangelho. O chamado do amor do reino espiritual deve provar que é efetivo, na hora de destruir o instinto do ódio entre os cidadãos não-crentes e os guerreiros do mundo terreno. Mas esses filhos das trevas, com mentalidade materialista, nunca saberão de vossa luz espiritual, a não ser que vos aproximeis deles. Por isso, devereis ser honrados e respeitados entre os cidadãos, entre os dirigentes deste mundo.

Esse serviço social generoso é apenas a conseqüência natural de um espírito que vive na luz.
Como homens mortais, sois em verdade cidadãos dos reinos terrenos; deveis ser bons cidadãos, e muito mais, quando houverdes voltado a nascer no espírito. Tendes, portanto, uma tríplice obrigação: servir a Deus, servir ao homem e servir à irmandade dos crentes em Deus.

Não adoreis os chefes temporais nem empregueis a força para o fomento do reino espiritual. Mas manifestai-vos em um honrado ministério de serviço amoroso, tanto aos crentes como aos não-crentes. É no Evangelho do Reino que reside o poderoso Espírito da Verdade, e seus frutos serão poderosas alavancas sociais que tirarão as massas das trevas. Em verdade vos digo que esse Espírito chegará a ser vossa alavanca, com um poder multiplicador.

Distribuí sabedoria e mostrai sagacidade no vosso trato com os dirigentes civis não-crentes. De forma discreta, mostrai-vos peritos na hora de resolver desacordos pouco importantes e ajustar desentendimentos fúteis. Buscai, por todas as formas leais, viver pacificamente com todos os homens. Sede sempre sábios como as serpentes e inofensivos como as pombas...

Sereis melhores cidadãos se souberdes iluminar vosso espírito com a Verdade do Evangelho. E os dirigentes dos assuntis civis melhorarão, como resultado desta crença no Reino Celestial.

Enquanto os chefes dos governos terrenos buscarem exercitar a autoridade como ditadores religiosos, vós – os que credes neste Evangelho – só podereis esperar problemas, perseguições e até a morte.

Mas eu vos digo que essa mesma luz que levardes ao mundo, e até a forma como padecerdes por ela, iluminará finalmente por si mesma toda a humanidade e dará como resultado a separação gradual da política e da religião.

A persistente pregação deste Evangelho do Reino levará algum dia as nações a uma nova e incrível libertação, à liberdade intelectual e à liberdade religiosa. Eu vos anuncio agora que, sob as próximas perseguições dos que odeiam este Evangelho da alegria, vós florescereis e o Reino de meu Pai prosperará. Mas não vos enganeis. Correreis grave perigo quando, nos tempos posteriores, a maioria dos homens falar bem dos crentes no reino, e muitos, mesmo ocupando altos cargos, aceitarem o Evangelho. Aprendei a ser leais ao reino, mesmo em tempos de paz e prosperidade.

Não tenteis os anjos que vos vigiam. Não os tenteis a vos levar por caminhos semeados de dificuldades, quando vos deixardes arrastar pela malícia e a vanglória. Recordai que estais encarregados de pregar este Evangelho, o supremo desejo de fazer a vontade do Pai, junto com a alegria suprema de realização da fé de serdes filhos de Deus. Portanto, não deveis deixar que nada desvie vossa atenção. Fazei com que toda a humanidade se beneficie do extravasamento de vosso amável ministério espiritual, iluminando a comunhão intelectual e inspirando o serviço social. Mas nenhuma dessas tarefas humanitárias deve prejudicar o verdadeiro objetivo de vossos corações: proclamar o Evangelho.

Não deveis buscar a promulgação da verdade ou o estabelecimento da honradez por meio do poder dos governos civis ou de leis seculares. Podeis trabalhar para persuadir as mentes humanas, mas nunca, nunca deveis chegar ao atrevimento de vos impordes. Não esqueçais a grande lei da justiça
humana que vos ensinei: o que desejardes que vos façam, fazei a eles...

Quando um crente for chamado a servir a um governo terreno, deixai que ele exerça esse trabalho, como cidadão temporal, ainda que tenha de mostrar os traços e sinais comuns da cidadania.

Sua ação terá sido enriquecida pela iluminação espiritual da enobrecedora associação da mente do homem mortal com o espírito divino que nele habita. Se o não-crente chega a qualificar-se como servidor civil exemplar, deveis vos perguntar seriamente se as raízes da verdade de vosso coração não morreram por falta das águas viventes da comunhão espiritual com o serviço social.

A consciência de serem filhos de Deus deve estimular toda a vida de serviços a vossos semelhantes. Não deveis ser místicos passivos ou ascetas desanimados. Não deveis tornar-vos
sonhadores ou inconstantes, caindo na cômoda letargia de crer que uma fictícia Providência virá vos prover até do necessário para viver.

Em verdade, deveis ser suaves em vosso trato com os mortais que se equivocam. E pacientes em vossas conversas com os homens ignorantes. E contidos ante as provocações...

Mas também deveis ser valentes na hora de defender a honra, fortes na promulgação da verdade e até audazes para pregardes este Evangelho do Reino. E devereis chegar até os confins do
mundo...

Este Evangelho é uma Verdade viva. Eu vos disse que é como a levedura no pão e como ogrão de mostarda. E agora vos declaro que é como a semente do ser vivo que, de geração em geração, enquanto continua sendo a mesma semente viva, desdobra-se infalivelmente em novas manifestações e cresce de forma aceitável, adaptando-se às necessidades peculiares e condições de cada
geração. A revelação que vos fiz é uma revelação viva. Uma revelação viva, e é meu desejo que ela leve frutos apropriados a cada indivíduo e a cada geração, de acordo com as leis do crescimento espiritual. É meu desejo que se incremente e tenha um desenvolvimento. De geração em
geração, este Evangelho deve mostrar vitalidade crescente e maior profundidade de poder espiritual. Não se deve permitir que chegue a ser uma simples recordação sagrada, mera tradição sobre mim ou sobre os tempos que agora vivemos...

E não esqueçais que não temos dirigido um ataque pessoal aos indivíduos nem à autoridade nem à autoridade dos que se sentam na cadeira de Moisés. Tão-só lhes temos oferecido a nova luz, que eles repeliram com tanto vigor. Temos nos lançado contra eles, só por sua deslealdade espiritual para com as mesmas verdades que dizem ensinar e salvaguardar. Tivemos choques com esses dirigentes estabelecidos e chefes reconhecidos só quando se opuseram à prática do Evangelho.

E, mesmo agora, não somos nós que nos lançamos contra eles, mas são eles que buscam nossa destruição. Não tendes de atacar as antigas fórmulas. Deveis colocar habilmente a levedura da nova Verdade no meio das velhas crenças. E deixai que o Espírito faça seu próprio trabalho.

Deixai que a controvérsia surja só quando aqueles que vos desprezam vos forçarem a ela.

Mas quando os não-crentes vos atacarem intencionalmente, não hesiteis em vos manter em vigorosa defesa da Verdade que vos tem salvado e santificado.

Lembrai sempre: amai-vos uns aos outros. Não luteis com os homens, nem mesmo com os não-crentes.

Mostrai misericórdia até mesmo para com os que depreciativamente abusem de vós. Mostrai-vos cidadãos leais, artesãos honrados, vizinhos merecedores de elogio, parentes devotos, pais
compreensivos e sinceros crentes na fraternidade do reino do Espírito. E eu vos asseguro que meu espírito estará sobre vós, e sempre, até o fim do mundo...

Mensagem a Abner, que se inquieta com os rumores sobre a Conspiração para Matar o Mestre Diz a Abner que siga adiante com seu trabalho. Se me separo de vós em carne, é porque posso voltar em espírito. Não vos abandonarei. Estarei convosco até o fim.

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É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.