sexta-feira, 11 de junho de 2010

Lição de Perseverança (vídeo: A Verdade sobre Jesus e a Bíblia)

Já observou a atitude dos pássaros ante às adversidades?

Ficam dias e dias fazendo seu ninho, recolhendo materiais, às vezes trazidos de locais distantes... E quando já ele está pronto e estão preparados para por os ovos, as inclemências do tempo ou a ação do ser humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se consegui...

O que faz o pássaro? Pára, abandona a tarefa?

De maneira nenhuma. Começa, uma outra vez, até que no ninho apareçam os primeiros ovos.

Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, uma tormenta, volta a destruir o ninho, mas agora com seu precioso conteúdo...

Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro jamais emudece, nem retrocede, segue cantando
e construindo, construindo e cantando...

Já sentiu que sua vida, seu trabalho, sua família, seus amigos não são o que você sonhou?
Tem vontade de dizer basta, não vale a pena o esforço, isto é demasiado para mim?

Você está cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estava a ponto de conseguir?

Mesmo que a vida o golpeie mais uma vez, não se entregue nunca, faça uma oração, ponha sua esperança na frente e avance. Não se preocupe se na batalha seja ferido, é esperado que algo assim aconteça. Junte os pedaços de sua esperança, arme-a de novo e volte a ir em frente.

Não importa o que você passe. Não desanime, siga adiante. A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo. E sobretudo... Nunca deixe de cantar.



Link para arquivo digital (.PPT) - Anjos de Nosso Destino
http://www.4shared.com/document/OMLdVSje/Anjos_do_Nosso_Destino.html

A Transfiguração no Horto – 7 de Abril, Sexta-Feira


Abbá!... Abbá!... Abbá!...

Vim a esse mundo para cumprir tua vontade e assim tenho feito... Sei que é chegada a hora de sacrificar minha vida carnal... Não o recuso, mas desejaria saber se é tua vontade que eu beba deste cálice...

...Dá-me a segurança de que eu, com minha morte, te satisfaça como o fiz em vida.

Abbá!... Abbá!...

Jesus sua sangue.

Pai...sei muito bem que é possível evitar este cálice. Tudo é possível para ti. Mas eu vim para cumprir tua vontade e, não obstante tão amargo, eu o beberei, se este for o teu desejo...

E o anjo o reconfortou.

Que se Faça a Tua Vontade Pai, vês meus apóstolos dormindo... Estende sobre eles tua misericórdia. Na verdade, o Espírito está pronto, mas a carne é débil...

E agora, meu Pai, se este cálice não pode ser afastado... dele beberei. Que se faça a tua vontade e não a minha...

Prisão de Jesus

Com voz forte, perguntou a quem parecia ser o chefe da tropa:
Que buscas aqui?
Jesus de Nazaré.

O Mestre avançou então para o presumível centurião e, com grande solenidade, exclamou: Sou eu!...

Judas beija a fronte de Jesus: Saúde, Mestre e Guia!
Amigo!... Não basta fazer isso e ainda queres trair o Filho do Homem com um beijo?

Encarando o oficial romano e o resto da tropa: A quem procuram?
Jesus de Nazaré!

Já disse que sou eu... Portanto, se procuras por mim, deixa que os demais sigam cada um o seu caminho... Estou disposto a te acompanhar.

Quando Pedro ataca o guardião do Sinédrio que queria amarrar as mãos de Jesus:
Pedro, embainha tua espada!... Quem quer que desembainhe a espada morrerá pela espada.

(E dirigindo-se a todos) Não compreendeis que é vontade de meu Pai que eu beba deste cálice? Não sabeis que agora mesmo eu poderia mandar que dezenas de legiões de anjos me libertariam das mãos dos homens?

As mãos do Mestre são amarradas. Por que sacais espadas e bastões contra mim, como se eu fora um ladrão? Todos os dias tenho estado convosco no Templo, educando e ensinando o povo, sem que nada fizésseis para deter-me...

Diante de Anás, o Ex-Sumo Sacerdote

Na manhã de sexta-feira, dia 7 de abril.

Anás provoca a reação de Jesus, acusando-o de perturbar a paz, querendo os nomes dos discípulos, propondo poupar-lhe a vida contanto que saísse da Palestina, declarando que tem poder de determinar o resultado do julgamento de Jesus.

Jesus não se perturba.

Já sabes que jamais poderás ter poder sobre mim sem premissão de meu Pai. Alguns quereriam matar o Filho do Homem porque são ignorantes e não sabem fazer outra coisa. Mas tu, amigo, tens idéia do que fazes. Então, como podes refutar a luz de Deus?

Que tentas ensinar ao povo? Quem pretende ser?
Sabes muito bem que tenho falado claramente ao mundo. Tenho ensinado nas sinagogas muitas vezes, e também no Templo, onde judeus e gentios têm me escutado. Não tenho dito nada em segredo. Qual então a razão pela qual me interrogas sobre meus ensinamentos? Por que não convocas meus ouvintes e não te informas com eles? Jerusalém toda tem me ouvido. E tu também, embora
não tenhas entendido minha pregação.

Um dos servos da casa voltou-se para o Mestre e esbofeteou-o violentamente, dizendo-lhe: Como te atreves a contestar assim o sumo sacerdote?

Amigo meu, se falei mal, testemunha contra mim; mas, se é verdade, por que me maltratas?

Anás sai do aposento e regressa duas horas depois: Tu se consideras o Messias, salvador de Israel?

Anás, tu me conheces desde minha juventude e sabes que não pretendo ser nada mais nada menos do que o delegado de meu Pai... Fui enviado para todos os homens, gentios e judeus.

Tenho ouvido comentar que pretendes ser o Messias. É certo?
Tu o disseste!

Diante de Caifás, no Sinédrio Jesus guarda total silêncio, imperturbável diante de inúmeras acusações de falsas testemunhas. Em um acesso de ira, Caifás saltou do seu assento, pôs-se diante de jesus e, ameaçando-o com um dedo, gritou-lhe: Em nome de Deus vivo – bendito seja! –
ordeno-te que me digas se és o Libertador, o Filho de Deus... bendito seja o seu nome!

Desta vez Jesus, baixando seus olhos para o pequeno e colérico sumo sacerdote, deixou ouvir sua potente voz:

Sou... E irei para junto do Pai. Em breve, o Filho do Homem será revestido de poder e reinará de novo sobre os exércitos celestes.

Diante de Pilatos

Pilatos interroga Jesus, na presença de João, visto os sacerdotes lhe levarem um rolo com as três acusações:
1. Por perverter nosso povo e incitá-lo à rebelião;
2. Por impedir o pagamento do tributo a César;
3. Por considerar-se a si mesmo rei dos judeus e propagar a criação de um novo reino.

Sei de teus passos – disse-lhe, com ar conciliatório – e custa-me muito esforço acreditar que sejas um agitador político.

Jesus observou-o com ar cansado.
Quanto à segunda acusação, manifestaste alguma vez que não se deve pagar o tributo à César?

Pergunta a este (João) ou a qualquer outro que me tenha ouvido. No que se refere à terceira acusação, diz-me: tu és o rei dos judeus?

Pilatos, fazes essa pergunta por ti ou a recolheste dos acusadores? Não vês que meu reino não está nesse mundo? Se assim o fosse, meus discípulos teriam lutado para que não me entregassem aos judeus. Minha presença aqui, diante de ti e amarrado, demonstra a todos os homens que, por amor e fé, passaram a ser filhos de Deus. Esse oferecimento é igual para gentios e para judeus.

Então, tu és rei!
Sim, sou um rei desse tipo, e meu Reino é a família dos que crêem em meu Pai, que está no céu. Nasci para revelar meu Pai a todos os homens e testemunhar a verdade de Deus. E agora mesmo declaro que o amante da verdade me ouve.

Novamente diante de Pilatos

Depois de açoitado, Jesus é interrogado novamente por Pilatos: De onde vens? Quem és na realidade?... Por que dizes que és filho de Deus? Negas-te a responder? Não compreendes que ainda tenho poder suficiente para libertar-te ou crucificar-te?

Não terias poder sobre mim sem a permissão de cima... Não podes exercer nenhuma autoridade sobre o Filho do Homem, a menos que o Pai Celestial o permita... Mas tu não és totalmente culpado, já que ignoras o Evangelho. Aquele que me traiu e me entregou a ti cometeu o maior dos pecados.

O Nazareno, dirigindo-se a João, colocou a mão sobre a cabeça do discípulo, fazendo-lhe um último rogo:

João, nada podes fazer por mim... Vai e traz aqui minha mãe para que me veja antes de eu morrer.

A Caminho do Calvário
Encontro com um grupo de mulheres judias:

Filhas de Jerusalém!... Não choreis por mim. Chorai mais por vós mesmas e pelos vossos... Minha missão está quase cumprida. Logo irei para meu Pai...mas a época de terríveis males para Jerusalém está apenas começando... Vereis chegar o dia em que direis: “Benditas as estéreis e aquelas cujos seios não amamentaram seus bebês...” Nesse dia pedireis às rochas que caiam sobre
vós, para livrar-vos do terror de vossas atribulações...

Jesus na Cruz

Pai!... Perdoai-os!...Eles não sabem o que fazem!

Senhor! – disse o zelote com voz suplicante. – Lembra-te de mim quando entrares no teu reino!

Em verdade... hoje te digo... que algum dia estarás junto a mim... no Paraíso...

Maria ao Pé da Cruz

Mulher!... Mulher, eis aqui teu filho!

Voltando o rosto para o apóstolo João, Jesus exclamou:

Filho meu...eis aqui tua mãe!
Desejo... que abandoneis este lugar.

Entrega o Espírito – 14h55
Terminei! Pai, ponho em tuas mãos meu espírito!

Oração de Jesus

Depois da Ceia Pascal, Jesus sobe com os discípulos ao cimo do Monte das Oliveiras.

Pai, é chegada a minha hora!... Glorifica teu Filho para que o Filho possa glorificar-te. Sei que me deste plena autoridade sobre todas as criaturas viventes do meu reino, e eu darei a vida eterna a todos aqueles que, por sua fé, sejam filhos de Deus. A vida eterna é que minhas criaturas te reconheçam como o único e verdadeiro Deus e Pai de todos. Que creiam naquele que enviaste a este mundo.

Pai, eu te tenho exaltado nesta terra e cumprido a obra que me confiaste. Quase concluí minha efusão nos filhos de nossa própria criação. Só me resta sacrificar minha vida carnal. Agora, Pai, glorifica-me com a glória que eu tinha antes de este mundo existir e recebe-me uma vez mais à tua direita. Tenho-te revelado diante dos homens que escolheste e que me deste. São teus,
como é toda vida entre tuas mãos. Tenho vivido com eles, ensinando-lhes as normas da vida, e eles têm acreditado. Esses homens sabem que tudo o que tenho provém de ti e que minha encarnação destina-se a dar a conhecer meu Pai ao mundo. Revelei a eles a verdade que me deste e eles, meus amigos e meus embaixadores, têm desejado sinceramente receber tua palavra. Tenho dito a eles
que sou descendente de ti, que me enviaste a esta terra e que estou disposto a voltar para ti...

Pai, rogo por todos esses homens escolhidos. Rogo por eles, não como o faria pelo mundo, mas como homens que eu escolhi para me representar depois que eu tiver voltado para junto de ti.

Esses homens são meus. Tu os deste a mim. Não posso permanecer mais tempo nesse mundo. Vou voltar à missão de que me encarregaste. É preciso que deixes esses companheiros depois de mim, para que eles nos representem e representem nosso reino entre os homens.

Pai, preserva a fidelidade deles, enquanto me preparo para abandonar esta vida carnal. Ajuda-os a manterem-se unidos em espírito, como tu e eu estamos. São meus amigos. Durante minha estada entre eles, eu os podia velar e guiar, mas agora vou partir.

Pai, permanece junto deles até que possamos enviar um novo instrutor que os console e reconforte. Tu me deste doze homens, e eu guardei todos, menos um, que não quis manter sua comunhão conosco. Esses homens são débeis e frágeis, mas sei que posso contar com eles. Eu os tenho posto à prova, e sei que me amam. Em que pese que terão de padecer muito por minha causa, desejo que estejam em paz.

O mundo pode odiá-los como tem odiado a mim. Mas não peço que os retires do mundo; somente que os livres do mal que existe neste mundo. Santifica-os na Verdade. Tua palavra é a Verdade. Como me enviaste a este mundo, assim vou enviá-los pelo mundo. Por eles tenho vivido entre os homens e consagrado minha vida a teu serviço, com o propósito de inspirá-los para que se purifiquem
na verdade e no amor que lhes tenho mostrado. Bem sei, meu Pai, que não necessito rogar-te que os veles depois de minha partida. E também sei que os ama tanto quanto eu. Faço isso para que melhor compreendam que o Pai ama os mortais do mesmo modo que ama o Filho.

Desejo demonstrar fervorosamente a meus irmãos terrenos a glória de que desfrutava a teu lado, antes da criação deste mundo que se conhece tão pouco...

Ó Pai justo! Mas eu te conheço e te tenho dado aconhecer a esses crentes, que divulgarão teu nome a outras gerações. Neste momento, prometo-lhes que estarás junto deles no mundo, da mesma
maneira que tens estado comigo.

Eu sou o pão da vida...
Eu sou a água viva...
Eu sou a luz do mundo...
Eu sou o desejo de todas as idades...
Eu sou a porta aberta à salvação eterna...
Eu sou a realidade da vida sem fim...
Eu sou o bom pastor...
Eu sou o caminho da perfeição infinita...
Eu sou a ressurreição e a vida...
Eu sou o segredo da vida eterna...
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...
Eu sou o Pai infinito dos meus filhos limitados...
Eu sou a verdadeira cepa e vós os ramos...
Eu sou a esperança de todos aqueles que conhecem a verdade vivente...
Eu sou a ponte viva que une um mundo com o outro...
Eu sou a união viva entre o tempo e a eternidade...


Oração a Jesus Cristo. Retirado do Livro Orações Selecionadas por Cura, Libertação e Intercessão - com aprovação eclesiástica - 31a. Edição - Distribuidora Loyola.
Link para arquivos digitais em (.PPT), Oração ao Eterno e Roda de Oração
http://www.4shared.com/document/g5tvieE6/Orao_ao_Eterno.html
http://www.4shared.com/document/wxdz2d_1/Roda_de_orao.html

Palavras de Despedida a Cada um dos discípulos


A João

Tu, João, és o mais jovem de meus irmãos. Tens estado muito junto de mim e, ainda que eu ame a todos vós com o mesmo afeto que um pai tem por seus filhos, foste designado por André como um dos três que sempre deveriam estar ao meu lado. Além disso, tens atuado por mim mesmo e deves continuar assim, trabalhando pelos assuntos relacionados com minha família na Terra... Eu vou
ao Pai, João, cheio de confiança em que continuarás velando por aqueles que são meus na carne.

Cuida que a confusão em que estão, com respeito à minha missão, de maneira alguma te impeça de lhes dar toda a simpatia, orientação e ajuda que, tu sabes, eu lhes daria se devesse permanecer na carne. E agora, enquanto ingresso nas horas finais da minha carreira na Terra, permanece próximo, à mão, para que eu possa deixar alguma mensagem à minha família.

No que diz respeito à minha obra, posta em minhas mãos pelo Pai, está concluída, com exceção de minha morte na carne. E estou preparado para beber este último cálice. Quanto às responsabilidades deixadas por José, meu pai na terra, assim como eu as atendi durante minha vida, dependo agora de ti para que atues em meu lugar, resolvendo esses assuntos. E te escolhi para que faças isso por mim, João, porque és o mais jovem e, portanto, é mais provável que
sobrevivas aos outros apóstolos. Uma vez chamei a ti e a teu irmão de filhos do trovão. Começaste conosco com uma mente rígida e intolerante. Mas mudastes muito desde que me pediste que fizesse cair fogo do céu contra os não-crentes ignorantes e irrefletidos. E ainda deves mudar mais. Tens de chegar a ser o apóstolo do novo mandamento que vos dei esta noite. Dedica tua vida a ensinar teus irmãos a amarem-se uns aos outros como eu vos amei.

E assim o farei, Mestre. Mas como posso aprender a amar meus irmãos?

Aprenderás a amar teus irmãos quando aprenderes a amar primeiro o Pai do céu e quando chegares a estar verdadeiramente interessado no bem-estar de todos eles... no tempo e na eternidade. E todo esse interesse humano vê-se favorecido com o serviço generoso, com a compreensão, com a simpatia e o perdão ilimitado. Homem algum depreciará tua juventude. Exorto-te, porém, a que concedas sempre a devida consideração ao fato de que a velhice representa, normalmente, experiência. E nada, nos assuntos do homem, pode substituir a autêntica experiência. Esforça-te por viver pacificamente com todos os homens. Em especial com teus amigos na irmandade do Reino Celestial.

E lembra-te sempre, João: não lutes com as almas que poderias ganhar para o Reino.

A Simão o Zelote

És um verdadeiro filho de Abrahão. Mas quanto tempo levei para te converter em um filho do Reino Celestial!... Quero bem a ti e a teus irmãos também. Sei que me amas, Simão, e que amas também o reino, mas continuas tentando fazer com que esse Reino esteja de acordo com teu gosto. Sei muito bem que, finalmente, compreenderás a natureza espiritual e o significado do meu Evangelho e que realizarás um valente trabalho para que ele seja proclamado. Mas estou preocupado pelo que possa ocorrer a ti quando me for. Alegrar-me-ia saber que não duvidarás. Seria feliz se pudesse saber que, depois que eu voltar ao Pai, não deixarás de ser meu apóstolo e te comportarás devidamente como mensageiro do Reino Celestial.

Mestre, não temas por minha lealdade. Voltei as costas a tudo para poder dedicar minha vida à implantação do teu Reino na Terra e não falharei. Até agora sobrevivi a todas as armadilhas e não te abandonarei.

É realmente agradável ouvir-te falar assim em um momento como este. Mas, meu bom amigo, ainda não sabes do que estás falando. Nem por um instante duvidaria de tua lealdade ou devoção. Sei que não vacilarias em preosseguir na luta e em morrer por mim, como fariam estes... Mas não se exigirá isso de vós. Tenho-vos dito e repetido que meu Reino não é deste mundo e que meus
discípulos não lutarão para levar a cabo sua implantação. Disse-vos muitas vezes, Simão, mas não quereis enfrentar a verdade. Não estou preocupado com vossa lealdade para comigo ou para com o reino. Mas que fareis quando eu me for e vos derdes conta de que não compreendestes o significado de meu ensinamento e tiverdes de ajustar vossos conceitos errôneos a outra realidade?

Nenhum de meus apóstolos é mais sincero e honesto de coração do que tu, mas nenhum estará tão abatido e perturbado como tu, depois da minha ida. No teu desalento, meu Espírito morará em ti, eestes, teus irmãos, não te abandonarão. Não esqueças o que te ensinei sobre a relação entre os cidadãos do mundo e a “cidadania” dos outros filhos: os do Reino de meu Pai. Medita bem sobre tudo que te tenho dito sobre dar a César o que é de César, a Deus o que é de Deus, e a mim o que é meu. Dedica tua vida, Simão, a mostrar quanto pode o homem mortal aceitar cumprir meu preceito referente ao reconhecimento simultâneo do dever temporal para com os poderes civis e o serviço espiritual na irmandade do reino. Se és ensinado pelo Espírito da Verdade, nunca haverá conflito entre as obrigações impostas pela cidadania da Terra e as próprias de filho do céu... a não
ser que os dirigentes temporais exijam de vós a homenagem e a admiração que só a Deus pertencem.

E agora, Simão, quando finalmente vires tudo isso, sacudires de ti o desânimo e caminhares adiante, nunca esqueças que eu estava contigo, mesmo nos momentos de desalento, e que cntinuarei contigo até o fim. Sempre serás meu apóstolo e, quando chegares a ver com os olhos do espírito e a submeter plenamente tua vontade à do Pai do céu, então voltarás a trabalhar como meu emissário. Apesar da tua lentidão em compreender as verdades que te tenho ensinado, ninguém tirará de ti a autoridade que te dei. Assim, Simão, previno-te uma vez mais: os que lutam com a espada morrem pela espada. Mas os que trabalham noespíritoconseguem a vida eterna no Reino e a paz e a alegria na Terra. Quando a missão incumbida a ti tiver terminado no mundo, tu, Simão, te sentarás comigo em meu reino. E verás realmente o Reino pelo qual tens suspirado. Não, porém, nesta vida. Continua crendo em mim e no que te revelei e receberás o presente da vida eterna.

A Mateus Levi

Já não te competirá cuidar da caixa do grupo apostólico. Breve, muito breve, todos vos dispersareis. Não vos será permitido desfrutar sequer do reconfortante e contínuo apoio de um só de vossos irmãos. Quando sairdes a pregar este Evangelho do reino, tereis de buscar novos companheiros. Eu vos enviei dois a dois durante o tempo de treinamento, mas, agora que vos deixo, deveis, assim que vos tiverdes recobrado do golpe, ir sozinhos até os confins da Terra
proclamando esta boa-nova: que mortais vivificados na fésão os filhos de Deus.

Mas, Mestre, quem nos enviará e como saberemos aonde ir? André nos ensinará o caminho?

Não, Levi, André não vos dirigirá mais na proclamação do Evangelho. Na verdade, continuará como vosso amigo e conselheiro até o dia em que chegar o novo Mestre. Então, o Espírito da Verdade vos guiará ao estrangeiro para que trabalheis pela ampliação do reino. Muitas mudanças operaram-se em vós desde aquele dia, no armazém aduaneiro, quando pela primeira vez começastes a seguir-me. Mas muitas mais devem acontecer antes que possais contemplar a visão de uma irmandade na qual estrangeiros e judeus se sentem em associação fraternal. Mas sede rápidos em ganhar vossos irmãos judeus. Quando vos sentirdes totalmente satisfeitos, voltai então com ardor para os estrangeiros. De uma coisa podes estar seguro, Levi: ganhaste a confiança e o afeto de teus
irmãos. Todos te querem. Levi, sei de tuas ansiedades, sacrifícios e trabalhos para manter cheia a caixa. Teus irmãos não o souberam. E sinto-me contente de que, ainda que o que leva a bolsa não esteja presente, aqui esteja, em minha reunião de despedida, o representante do taverneiro, como os mensageiros do reino. Oro por que possas discernir o significado do meu ensinamento com os olhos do espírito. E quando o novo Mestre chegar ao teu coração, segue adiante. Ele te guiará. E mostra a teus irmãos e a todo o mundo o que o Pai pode fazer com um odiado arrecadador de impostos que se atreveu a seguir o Filho do Homem e a crer no Evangelho do Reino. Desde o princípio, Levi, te quis como quis a esses outros Galileus. Sabendo então muito bem que nem o Pai nem o Filho têm em conta a posição das pessoas, cuida de não fazer essa distinção entre os que chegarem a crer no Evangelho através de teu ministério. E assim, Mateus, dedica toda tua
vida de serviço, no futuro, a mostrar aos homens que Deus não tem emconta a posição das pessoas. Que, no conceito do Pai e da irmandade, todos os seres humanos são iguais, todos são filhos de Deus.

A Tiago Zebedeu, Irmão de João

Tiago, quando tu e teu irmão menor chegastes uma vez a mim, buscando preferências nas honras do céu, e vos respondi que essas honras eram outorgadas pelo Pai, perguntei-vos se seríeis capazes de beber minha taça. Os dois responderam que sim. Ainda que nem então nem agora estejais preparados para isso, breve estareis dispostos para tal serviço, graças à experiência que estais a ponto de viver. Por aquele comportamento irritastes vossos irmãos. Se ainda não perdoaram a ti de todo, o farão quando virem que bebes da minha taça. Seja o teu ministério longo ou curto, conserva tua alma em paz. Quando vier o novo Mestre, deixa que Ele te ensine o equilíbrio da compaixão e essa amável tolerância que nasce da sublime confiança em mim e da perfeita submissão à vontade do Pai. Dedica tua vida a demonstrar afeto humano e dignidade combinados. E todos os que viverem assim revelarão o Evangelho, até na forma de sua morte. Tu e teu irmão João ireis por diferentes caminhos e um de vós pode ser que se sente comigo no Reino eterno muito antes que o outro.

Ajudar-vos-ia muito saber que a verdadeira sabedoria compreende discrição e coragem ao mesmo tempo. Aprendereis a sagacidade, para associá-la à vossa agressividade. Virão momentos supremos em que meus discípulos não hesitarão em dar suas vidas por este Evangelho. Mas em circunstâncias comuns será melhor aplacar a ira dos não-crentes para que possais viver e continuar regando as boas-novas. Enquanto tiverdes forças, vivei longamente para que vosso trabalho seja frutífero em almas conquistadas para o Reino Celestial.

A André
André, tu me representaste com fidelidade como cabeça dos emissários do Reino Celestial. Ainda que tenhas duvidado muitas vezes e em outras ocasiões hajas manifestado uma clara e perigosa timidez, mesmo assim tens sido sempre sincero e justo em tuas relações com os companheiros. Desde tua ordenação e a de teus irmãos, como mensageiros do Reino tens sabido governar a ti mesmo, nos assuntos administrativos do grupo. Em nenhum outro assunto temporal tive de dirigir ou influirem tuas decisões. E assim fiz para te ensinar, com vistas a tuas deliberações nos grupos futuros. Em meu Universo e no Universo dos universos de meu Pai, nossos filhos-irmãos são tratados como indivíduos em todas as suas relações espirituais. Mas nas relações de grupo fazemos que exista uma direção. Nosso Reino é um Reino de ordem e, onde duas ou mais criaturas
atuem em cooperação, sempre existe essa autoridade. E agora, André, uma vez que és o chefe de teus irmãos pela autoridade da minha nomeação, e uma vez que assim tens servido, como meu representante pessoal, e uma vez que estou prestes a ir para meu Pai, libero-te de toda
responsabilidade no concernente aos assuntos temporais e administrativos. De agora em diante podes não exercer jurisdição sobre teus irmãos, a não ser que eles a restaurem. Mas essa liberação como cabeça administrativa do grupo de maneira alguma reduz tua responsabilidade moral para fazer tudo que esteja em tuas mãos com respeito à manutenção da união de todos no período de prova que se avizinha. De agora em diante só exercerei autoridade espiritual sobre e
entre vós. Se teus irmãos desejarem conservar-te como conselheiro, eu te digo que deves
fazer tudo que possas para promover a paz e a harmonia (tanto nos assuntos temporais quanto nos espirituais) entre os grupos desinceros crentes no Evangelho. Dedica o resto de tua vida a impulsionar os aspectos práticos do amor fraterno. Sê amável com meus irmãos na carne. Mostra uma devoção amorosa e imparcial aos gregos do oeste e a Abner, do leste. Ainda que estes,
meus apóstolos, venham a ser dispersos muito em breve pelos quatro cantos da Terra para proclamar a boa-nova da salvação, deves mantê-los unidos durante o tempo de prova que se aproxima. Nessa ocasião deveis, todos vós, aprender a crer neste Evangelho sem a minha presença pessoal. E assim, André, conquanto não recaiam em ti os grandes trabalhos que vêm dos homens, contenta-te em ser o mestre e conselheiro dos que os fazem. Segue adiante com teu trabalho na
Terra (até o fim) e assim continuarás este ministério no Reino eterno. Não te tenho dito muitas vezes que tenho outras ovelhas que não as deste rebanho?

Aos Gêmeos Alfeu

Filhos meus, sois um dos três grupos de irmãos que escolheram meseguir. Os seis têm trabalhado bem e empaz com vossa própria carne e sangue. Mas ninguém o tem feito melhor que vós. Tempos duros se aproximam... Talvez não compreendais tudo que vai acontecer, mas não duvideis de que uma vez fostes chamados para a tarefa do reino. Por algum tempo não haverá multidões a
dirigir. Mas não desanimeis. Quando vosso trabalho nesta vida estiver concluído, eu vos receberei no alto e ali, na glória, falareis de vossa salvação aos exércitos seráficos e às multidões dos elevados Filhos de Deus. Dedicai vossa vida a engrandecer as tarefas triviais.

Mostrai a todos os homens e aos anjos quão alegre e valente pode chegar a ser o homem mortal.

E após vossa etapa a serviço de Deus, voltai às fainas cotidianas. E fazei-o com a nova luz da
experiência de saber que sois filhos de Deus. A vós que haveis trabalhado comigo, tudo vos tem tornado sagrado. Todo labor terreno é um serviço a Deus Pai. E quando ouvirdes notícias dos feitos dos vossos anteriores companheiros apostólicos, regozijai-vos com eles e continuai vosso trabalho diário como os que esperam em Deus e servem enquanto esperam. Tendes sido meus apóstolos e sempre o sereis e sempre lembrarei de vós no Reino que há de chegar.

A Felipe

Felipe, tens feito muitas perguntas loucas para mim. E tenho feito o possível para responder a todas elas. Agora responderei à última que surgiu em tua mente muito honesta ainda que pouco espiritual. Todo o tempo tenho estado acudindo-te enquanto te perguntavas: “Que farei se o Mestre se vai e nos deixa sós no mundo?” Oh!, tu, homem de pouca fé! E assim, e contudo, tens quase tanta quantos muitos de teus irmãos... Tens sido um bom servidor, Felipe. Não falhaste senão poucas vezes. E uma das falhas utilizamos para manifestar a glória do Pai.

Teu encargo de servidor está próximo de terminar. Logo deverás fazer o trabalho para o qual foste chamado: a pregação deste Evangelho. Felipe, sempre quiseste eu te mostrassem as coisas.

Logo verás grandes feitos. Como tens sido sincero, até mesmo em tua visão material,, viverás para ver cumpridas minhas palavras. E então, quando fores beneficiado com a visão espiritual, segue adiante com teu trabalho, dedicando tua vida à condução da humanidade para a busca de Deus e das realidades espirituais, mas com os olhos da fé, não com os da mente material. Não te esqueças, Felipe, tens uma grande missão na Terra. O mundo está cheio de homens que olham a vida como tu mesmo tens feito. Tens um grande trabalho por fazer,e quando o terminares, virás a mim, em meio reino, e terei grande prazer em ensinar-te o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, nem a mente mortal concebeu. Enquanto isso, sê como um menino no reino do espírito e permite-me, como Espírito do novo Mestre, guiar-te para o reino espiritual. Dessa forma poderei fazer muito por ti: aquilo que não pude concluir quando permaneci contigo como mortal. E lembra sempre, Felipe, quem me viu, viu o Pai.

A Bartolomeu (ou Natanael)

Natanael, tens aprendido a viver acima dos preconceitos e a praticar uma tolerância cada vez maior, posto que te fizeste apóstolo. Mas há ainda muito que aprenderes. Tens sido uma bênção para teus companheiros, sempre admoestados com tua sinceridade. Quando eu tiver partido, pode acontecer que tua franqueza interfira nas relações com teus irmãos, tanto os antigos quanto os
novos. Deves aprender que até mesmo a expressão de um bom pensamento tem de ser modulada de acordo com o nível intelectual e o desenvolvimento espiritual daquele que ouve. A sinceridade é mais útil nas tarefas do reino quando se casa com a discrição.

Se aprendesses a trabalhar com teus irmãos poderias finalizar muito mais coisas. Mas se encontrares a ti mesmo na busca daqueles que pensam como tu, nesse caso dedica tua vida a demonstrar que o discípulo conhecedor de Deus pode chegar a ser um construtor do Reino, mesmo que esteja só e separado de seus irmãos crentes. Sei que serás fiel até o fim. E algum dia te darei as boas vindas ao amplo serviço do meu reino, no alto.

Tenho escutado teus ensinamentos desde a primeira vez em que me chamaste a serviço deste Reino. Mas, honestamente, não pude compreender todo o significado do que dizes. Não sei o que devemos esperar mais. E creio que a maioria de meus irmãos está perplexa como eu, ainda que hesitem em admitir sua confusão. Podes ajudar-me?

Meu amigo, não é estranho que te encontres perplexo na tentativa de compreender o significado de meus ensinamentos espirituais. Arcas com o preconceito da tradição judaica e te empenhas em interpretar meu Evangelho de acordo com o que ensinam os escribas e fariseus. Tenho-vos ensinado pela palavra da minha boca e vivido entre vós. Tenho feito o possível para alumiar vossas mentes e libertar vossas almas, mas aquilo que não conseguistes até agora por meus ensinamentos deveis adquirir da mão desse mestre dos mestres: a experiência real. Nessa nova marcha, eu irei adiante e o Espírito estará convosco. Não temais. O que agora não podeis compreende, o novo Mestre, ao
chegar, vos revelará nesta vida e em vosso aprendizado no tempo eterno. Não vos perturbeis por não poderdes assimilar todo o significado do Evangelho.

Não sois mais do que homens finitos e mortais e o que vos tenho ensinado é infinito, divino e eterno. Sede pacientes. Tende coragem. Tendes as idades eternas diante de vós. Nelas continuareis vosso aperfeiçoamento progressivo, assim como vosso Pai do Paraíso é perfeito.

A Tomé

Tomé, muitas vezes te tem faltado a fé. Todavia, apesar desses momentos, de dúvida, nunca careceste de coragem. Sei muito bem que os falsos profetas e mestres não te enganaram.

Depois que eu me for, teus irmãos apreciarão muito tua forma crítica de ver e julgar os ensinamentos. E quando todos vos dispensardes pelos confins da terra, lembra que ainda és meu mensageiro. Dedica tua vida à grande obra de mostrar como a mente crítica material pode triunfar sobre a inércia da dúvida intelectual quando se defronta com a demonstração da manifestação da verdade viva.

Tomé, estou contente de que te tenhas unido a nós. E sei que após um curto período de perplexidade seguirás adiante, no serviço do reino. Tuas dúvidas têm confundido teus irmãos, mas não a mim. Tenho confiança em ti e irei à tua frente aos mais remotos lugares da Terra.

A Pedro

Pedro, sei que me amas. E sei que dedicarás tua vida à proclamação pública deste Evangelho do Reino a judeus e pagãos. Mas estou triste... Teus anos de firme associação comigo não te ajudaram o suficiente para pensar antes de falar... Que experiência tens de viver para aprenderes a ser cauteloso com tua boca? Quantos problemas nos tens causado por tua irreflexão e tua presunçosa confiança em ti mesmo! E estás destinado a criar para ti mesmo muitos problemas mais se não dominares essa debilidade. Sabes que, apesar desse teu defeito, teus irmãos te amam.

E deves entender também que essa debilidade de modo algum diminui meu afeto por ti. Mas reduz tua eficácia e multiplica teus problemas... Certamente, a experiência que passarás esta noite será de grande ajuda para ti. E o que agora te digo, Simão Pedro, serve também para todos os que aqui estão reunidos: esta noite correreis perigo se estiverdes comigo. Sabeis que está escrito: “O Pastor será castigado e as ovelhas, dispersadas”. Quando eu estiver ausente, haverá o risco de que alguns de vós sucumbam diante da dúvida e sofram pelo que me acontecer. Mas agora mesmo vos prometo que voltarei por um curto tempo e entrarei, então, na Galiléia.

Não importa se todos os meus irmãos vierem a sucumbir diante da dúvida por tua causa. Prometo que não estarei contra nada que possas fazer. Irei contigo! E, se for necessário, morrerei por ti!

Pedro, em verdade, em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, terás me negado... três vezes ou quatro vezes. Dessa forma, aquilo que não conseguiste aprender em tua pacífica união comigo, assumirás entre problemas e penas. E quando tiveres entendido essa lição necessária, deverás reconfortar teus irmãos e seguir adiante, levando uma vida dedicada à pregação deste Evangelho. Ainda que possas ir para a prisão e talvez me seguir, pagando o
preço supremo pelo amoroso serviço de construção do Reino do Pai. Mas, lembra minha promessa: quando eu ressuscitar, ficarei convosco algum tempo, antes de ir ao Pai. Esta noite farei súplicas para que vos fortaleçais diante do que deveis suportar. Amo a todos vós com o amor que o Pai me ama e, portanto, de agora em diante, deveis amar-vos uns aos outros como eu vos tenho amado.

O grupo pôs-se em pé e, dirigido por Jesus, entoou um novo cântico.

Cerca de 22h30 daquela quinta-feira, 6 de abril do ano 30, os passos e os murmúrios dos doze perdiam-se no piso inferior do lar da família Marcos.

A "última ceia” havia terminado.

A última ceia (cenas: Paixão de Cristo)

A distribuição em torno da mesa: Judas Iscariotes e João à esquerda e à direita do Mestre, respectivamente. O Rabi ocupa o divã de honra, no centro do “U”. Os demais distribuíram-se na seguinte ordem: Simão o Zelote, Mateus, Tiago Zebedeu e André, pelo lado de Judas. À direita de João, os gêmeos Alfeu, Felipe, Bartolomeu, Tomé e Simão Pedro.

Muito tenho desejado partilhar desta ceia de Páscoa convosco... Queria fazê-lo uma vez mais antes de sofrer... Minha hora é chegada e, quanto a amanhã, todos estaremos nas mãos do Pai, cuja vontade vim cumprir. Não voltarei a comer convosco até que vos senteis comigo no Reino que meu Pai me entregará quando houver terminado aquilo para que me enviou a este mundo.

O Vinho

Tomai esta taça e dividi-a entre vós. E quando a houverdes compartido, pensai que já não beberei convosco o fruto da videira... Esta é nossa última ceia... Quando nos sentarmos outra vez, será no Reino que está por vir.

Pedro: Mestre, realmente vais lavar-me os pés?
Pode ser que não compreendais o que me disponho a fazer... Mas, de agora em diante, conhecereis o sentido de todas estas coisas.

Mestre, nunca me lavarás os pés!
Pedro, em verdade te digo que, se não te lavo os pés, não tomarás parte comigo no que estou pronto a levar a cabo.

Então, Mestre, não me laves apenas os pés... Também as mãos e a cabeça!
Aquele que já está limpo só precisa que se lhe lavem os pés. Vós, que vos sentais comigo esta noite, estais limpos...

...Ainda que não todos. Deveríeis ter lavado o pó de vossos pés antes de vos sentardes para tomar o alimento comigo. Ademais, quero fazer esta tarefa para ilustrar um novo mandamento que eu vos darei. Compreendeis o que fiz convosco?

Chamais-me “Rabi” e o dizeis, pois o sou. Então, se o Mestre lavou os vossos pés, por que vos negais a lavar-vos uns dos outros? Que lição deveis aprender desta parábola em que o Mestre, tão prazeirosamente, fez um serviço que vós negastes mutuamente? Em verdade, em verdade vos digo que um criado não é maior que seu amo. Nem tampouco tem sido a forma do meu trabalho em vida.

Bendito seja quem tiver a despretenciosa coragem de fazer igual. Mas por que sois tãolentos em aprender que o segredo da grandeza no reino do espírito nada tem que ver com os métodos do mundo do material? Quando cheguei a esta sala, não só recusáveis lavar os pés uns dos outros como também, além disso, discutíeis sobre quem deve ocupar os lugares de honra em torno de minha mesa. Essas honras são os fariseus que buscam... e as crianças. Mas não será assim entre os mensageiros do Reino Celestial. Será que não sabeis que não pode haver lugar de preferência em minha mesa? Não compreendeis que amo a cada um de vós como aos outros? O lugar mais próximo a mim pode não significar nada em relação a vosso posto no Reino dos Céus. Não ignoreis que os reis dos gentios têm poder e domínio sobre seus súditos e que até são chamados benfeitores.

No Reino dos Céus não será assim. Se algum de vós quer ter a preferência, que saiba renunciar ao privilégio hierárquico da idade. E se outro deseja ser chefe, que se torne servidor. Quem é maior: aquele que se senta a comer ou aquele que serve? Não se considera o primeiro como principal? E, todavia, observai que eu estou entre vós como aquele que serve...

Em verdade, em verdade vos digo que se assim agirdes, fazendo comigo a vontade de meu Pai, então tereis um lugar, ao meu lado, no poder.

A voz do Mestre voltou a soar, anunciando, pública e oficialmente, a traição do Iscariotes:

Já vos disse o quanto desejava celebrar esta ceia convosco... E sabendo de que forma as demoníacas forças das trevas têm conspirado para levar à morte o Filho do Homem, tomei a decisão de cear convosco, nesta casa, em segredo, e um dia antes da Páscoa, já que amanhã, a esta mesma hora, não estarei convosco.

...Repetidas vezes vos disse que devo voltar ao Pai. Agora é chegada minha hora, ainda que não fosse necessário que um de vós me traísse e me pusesse em mãos de meus inimigos.

Silêncio total. Por fim, um após outro, temerosamente, formulou a mesma pergunta: - Serei eu? O único que não fez a pergunta foi Judas...

É necessário que eu vá ao Pai. Mas, para cumprir sua vontade, não era preciso que um de vós se convertesse em traidor. Isso é fruto da maldade de alguém que não conseguiu amar a Verdade... Que enganoso é o orgulho que precede a queda espiritual! Um velho amigo, que, por sinal, come neste momento de meu pão, está desejoso de trair-me. Mesmo agora que junta sua mão à minha, no prato.

Judas – reclinado à esquerda do Mestre – perguntou, por sua vez, ainda que em tom dificilmente perceptível para outros: Serei eu?
Tu o disseste!

João Zebedeu, em tom confidencial: Quem é?... Devemos saber quem é infiel à sua crença.
Já vos disse: aquele a quem dou o pão molhado...

Simão Pedro: Pergunta-lhe quem é! Ou, se já te disse, diz-me quem é o traidor.

Lamento que este mal tenha chegado a prosperar. Esperava, mesmo até a esta hora, que o poder da verdade triunfasse sobre os ardis do mal. Mas essas vitórias não se conquistam sem a fé e um sincero amor pela Verdade. Não vos teria dito isso em nossa última ceia se não fosse pelo meu desejo de advertir-vos e preparar-vos acerca do que está agora sobre nós... Falei-vos disto porque desejo que recordeis, depois da minha partida, que eu sabia de todas estas malvadas conspirações e que vos adverti da traição. E só faço para que possais ser mais fortes diante das tentações e julgamentos que temos bem à frente.

Dirigiu-se a Judas, imperativamente: O que decidiste fazer... faze-o depressa. O Galileu pôs-se de pé e todos os outros o imitaram. Após uma breve pausa, Jesus abençoou a taça.

Tomai esta taça e bebei todos dela... Esta será a taça de minha recordação. Esta é a taça da bênção de um novo desígnio divino de graça e verdade. Este será o símbolo da outorga e do ministério do divino Espírito da verdade. Já não beberei convosco até que o faça de uma nova forma, no Reino eterno de meu Pai.

Tomai este pão e o comei. Afirmei-vos que sou o Pão da Vida, que é a Vida unificada do Pai e do Filho em um só dom. A palavra do Pai, tal como foi revelada pelo Filho, é realmente o Pão da Vida. Quando fizerdes estas coisas, recordai a vida que tenho vivido na terra e regozijai-vos porque continuarei vivendo convosco. Não luteis para averiguar quem é o maior entre vós. Sede como irmãos. E quando o Reino crescer até alcançar numerosos grupos de fiéis, não luteis tampouco por essa grandeza ou por buscar acesso entre tais grupos. E, sempre que fizerdes isso, fazei-o em minha memória. E quando lembrardes de mim, primeiro olhai para trás: minha vida na carne. E lembrai que uma vez estive convosco. Então, pela fé, percebereis que todos ceareis comigo no Reino eterno do Pai. Esta é a nova Páscoa que vos deixo: a palavra da Verdade Eterna, meu amor por vós e o derramamento do Espírito sobre a carne...

A um aceno do Mestre, os onze se levantaram e entoaram o Salmo 118: Aleluia!

Dai graças a Yaveh, porque é bom, porque é eterno em seu amor...! Yaveh está por mim, não tenho medo, que pode fazer-me o homem?... A Pedra que os construtores rejeitaram em pedra angular se converteu: esta foi a obra de Yaveh...

Recordai bem quando vos enviei sem bolsa nem carteira e até vos adverti que não levásseis roupa de muda. Todos deveis lembrar de que nada vos faltou. Todavia, agora os tempos são difíceis.

Já não podeis depender da boa vontade das multidões. Portanto, doravante, aquele que tiver bolsa que a leve. Quando sairdes para o mundo a proclamar este Evangelho, fazei provisão para vosso sustento, como melhor vos aprouver. Vim trazer a paz, mas, por um tempo, esta não surgirá.

Chegou o tempo em que o Filho do Homem será glorificado, assim como o Pai será glorificado nele.

Meus amigos: vou estar convosco só um pouco mais. Logo ireis me procurar mas não me achareis, pois vou para um lugar ao qual hoje ainda não podeis vir. Quando tiverdes terminado vosso trabalho na Terra, como eu concluí o meu, então vireis a mim da mesma forma que eu me preparo para ir ao Pai. Em muito pouco tempo vos deixarei... Não me vereis mais na Terra, mas todos
me vereis no tempo vindouro, quando ascenderdes ao Reino que meu Pai me deu.

Quando vos narrei uma parábola, mostrando que deveis estar ansiosos por servir uns aos outros, também vos disse que estou prestes a vos deixar. Conheceis bem o mandamento que ordena amar-vos uns aos outros e ao vosso próximo como a vós mesmos...

Entretanto, não estou de todo satisfeito, nem mesmo com essa sincera devoção por parte de meus filhos. Quero que façais maiores atos de amor no reino da irmandade dos fiéis. Por isso, eis aqui meu novo mandamento: que vos amei uns aos outros como eu vos amei.

Se assim o fizerdes, os homens saberão que sois meus discípulos. Com este novo mandamento não sobrecarrego vossas almas com um novo peso. Ao contrário: trago-vos nova alegria e torno possível que experimenteis um novo prazer, ao conhecerdes as delícias da doação, pelo amor, para o vosso próximo. Eu próprio estou prestes a experimentar o supremo regojizo (ainda que suportando uma pena exterior), com a entrega de meu afeto por vós e pelos demais mortais.

Quando vos convido a amar-vos uns aos outros como eu vos amei, apresento-vos a suprema medida do verdadeiro afeto. Nenhum homem pode alcançar um amor superior a este: o de dar a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos e continuareis sendo se apenas desejardes fazer o que vos ensinei. Tendes me chamado de Mestre, mas eu não vos chamo de servidores. Se vos amardes uns aos outros como eu vos amo, então sereis meus amigos e eu vos falarei alguma vez daquilo que meu Pai me revelou. Não fostes vós que me escolhestes, fui eu. E tenho vos ordenado sairdes pelo mundo para entregardes o fruto do serviço amoroso a vossos semelhantes, da mesma forma como vivi entre vós e vos revelei meu Pai. Ambos trabalharemos convosco e experimentareis a divina plenitude da alegria se vos limitardes a obedecer a este novo mandamento:

amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Se compartirdes o regozijo do Mestre, deveis compartir seu amor. E compartir seu amor significa que compartirtes seu serviço. Tal experiência de amor não vos libera das dificuldades deste mundo. Mas, com certeza, faz “novo” o velho mundo...

Lembrai: o que vos peço é lealdade. Não sacrifício. A consciência de sacrifício implica a ausência desse afeto incondicional que faria do serviço amoroso uma suprema alegria. A idéia de obrigação significa que, mentalmente, vos converteis em servidores, com isso perdendo a poderosa sensação de praticar vosso serviço como amigos e para os amigos. A amizade transcende o significado da obrigação e o serviço de um amigo para outro jamais deve ser qualificado como sacrifício. O Mestre vos ensinou que sois filhos de Deus. Chamou-vos irmãos. E agora, antes de partir, vos chama de amigos. Sou a verdadeira cepa e meu Pai, o lavrador. Eu sou a videira e vós, os ramos. Todos os ramos que brotam de mim e que não dão frutos, meu Pai arrancará.

Em compensação, aqueles que trouxerem frutos, o Pai limpará para que multipliquem sua riqueza.

Já estais limpos, por meio das palavras que vos tenho dirigido, mas deveis continuar limpos.

Deveis morar em mim e eu em vós. Se for separado da cepa, o ramo fenecerá. Assim como o ramo não pode ter frutos se não mora na vinha, assim vós não podereis render os frutos do amor se não
morardes em mim. Lembrai: eu sou a verdadeira cepa e vós os ramos vivos.

Aquele que vive em mim e eu nele, dará muito fruto e experimentará a suprema alegria da colheita espiritual. Se mantiverdes este vínculo vivencial e espiritual comigo, os vossos frutos serão abundantes. Se morardes em mim e minhas palavras morarem em vós, podereis comunicar-vos livremente comigo. Então, meu Espírito vivente vos infundirá de tal forma que podereis pedir o que quiserdes. O Pai avalizará vossa petição. Assim o Pai é glorificado. Que a cepa tenha muitos ramos vivos e que cada ramo proporcione muitos frutos. Quando o mundo vir esses ramos vivos e carregados de fruto (quer dizer, meus amigos que se amam como eu os amei), os homens saberão, então, que em verdade sois meus discípulos. Como meu Pai me tem amado, assim vos tenho amado. Vivei em meu amor, como eu vivo no amor de meu Pai. Se fizerdes como vos ensinei, morareis em mim e, como vos prometi, no amor do Pai. Quando vos houver deixado, não vos desalenteis diante da hostilidade do mundo. Não vos deixeis abater até quando crentes de coração débil se voltarem
contra vós, e unirem suas mãos às dos inimigos do reino. Se o mundo vos odiar, lembrai que me odiou antes de vós. Se fôsseis deste mundo, então o mundo estaria amando o que é seu.

Mas, como não sois, o mundo nega-se a vos amar. Estais nesse mundo, mas vossas vidas não devem ser deste mundo. Eu vos escolhi dentro do mundo para representardes o espírito do outro mundo.

Lembrai sempre de minhas palavras: o servidor não é maior que seu amo. Se se atreverem a perseguir-me, também vos perseguirão. Se minhas palavras ofendem os não-crentes, também as vossas ofenderão aqueles sem Deus. Farão tudo isto a vós porque não crêem em mim nem naquele que me enviou. Por isso sofrereis muitas coisas em nome do meu Evangelho. Mas, ao suportardes essas
atribulações, lembrai que também eu sofri, antes de vós, em nome deste Evangelho do Reino Celestial.

Muitos daqueles que vos atacarão ignoram a Luz do céu. Isto, em compensação, não é assim para alguns que agora nos perseguem. Se não lhes tivéssemos ensinado a Verdade poderiam fazer coisas estranhas, sem cair na condenação. Mas agora, depois que conheceram a Luz e a repeliram, não têm justificativa para a sua atitude. Aquele que me odeia, odeia meu Pai. Não pode ser de outro
modo. Da mesma forma que a Luz os salvará, se eles a aceitarem, os condenará se, conhecendo-as, eles a rejeitarem. E que foi que eu fiz para que esses homens me odeiem com tanto afinco?

Nadam salvo oferecer-lhes a irmandade na Terra e a salvação no céu. Acaso não lestes na Escritura: “E me odiarão sem uma causa?”

Mas não vos deixarei sós no mundo. Logo depois que me for, vos enviarei um Espírito auxiliador. Tereis então convosco alguém que tomará o meu lugar. Alguém que continuará ensinando o caminho da Verdade e que também vos consolará.

Não permitais que vossos corações se perturbem. Crede em Deus. Continuai crendo também em mim. Embora deva deixar-vos, nãoestarei longe de vós. Já vos disse que no Universo de meu Pai há muitas moradas onde ficar. Se não fosse verdade não teria eu falado repetidamente sobre isso.
Vou retornar a esses mundos de luz: paragens, no céu do Pai, às quais algum dia ascendereis.

Desses lugares vim ao mundo e agora é chegado o momento em que devo voltar ao trabalho de meu Pai nas esferas do alto. Portanto, se vou antes de vós ao Reino Celestial do Pai, podeis estar certos de que intercederei por vós para que possais estar comigo nas moradas que foram preparadas para os filhos mortais de Deus antes que existisse esse mundo...

Embora deva deixar-vos, continuarei presente em espírito. No final estareis comigo quando tiverdes subido até mim, em meu Universo, assim como eu estou prestes a ascender até meu Pai, a seu Universo maior. E o que vos digo é eterno e verdadeiro, mesmo que agora não o compreendais totalmente. Eu vou ao Pai, e se agora não podeis seguir-me, certamente o fareis no futuro.

Tomé: Mestre, não sabemos aonde vais. Não conhecemos o caminho. Mas se o mostrares, nesta mesma noite te seguiremos...

Tomé, eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão através de mim. Todos que encontram o Pai, primeiro encontram a mim. Se me conheceis, conheceis o caminho para o Pai. E vós me conheceis porque tendes vivido comigo e me estais vendo.

Felipe: Mestre, mostra-nos o Pai e tudo que disseste ficará claro.

Felipe, estive tanto tempo contigo e ainda não me conheces? De novo declaro-vos: quem tiver visto a mim terá visto o Pai. Como então podes me dizer “mostra-nos o Pai?” Não crês que estou no Pai e Ele em mim. Não vos ensinei que as palavras que digo não são minhas, mas do Pai? Eu falo pelo Pai e não por mim mesmo. Estou neste mundo para fazer sua vontade e isso tenho feito.
Meu Pai mora em mim e atua através de mim. Acreditai em mim quando digo que o Pai está em mim e eu nele. Ou acreditai ao menos em nome da vida que tenho levado e em nome de minhas obras.

Quando eu tiver ido ao Pai, de depois que Ele aceitar o trabalho que fiz na Terra por vós, e que eu receber a soberania final do meu próprio domínio, então direi a meu Pai: “Deixei meus filhos sozinhos na terra e, conforme minha promessa, envio-lhes outro Mestre”. E quando o Pai aprovar isso, verterei o Espírito da verdade sobre toda a carne. O Espírito de meu Pai já está em vossos corações; e, quando chegar esse dia, também me tereis convosco, assim como agora tendes o Pai.

Este novo dom é o Espírito da verdade viva. Aqueles que não creram, não puderam ouvir seus ensinamentos, mas os Filhos da Luz os receberão com prazer e de todo o coração. E conhecereis esse Espírito quando ele vier, da mesma forma que me conhecestes. E recebereis esse dom em vossos corações e Ele morará em vós. Percebeis, pois, que eu não vou deixar-vos sem ajuda e sem
guia? Não vos deixarei na desolação. Hoje só posso estar convosco em pessoa.

Nos tempos vindouros, estarei convosco e com todos os homens que desejem minha presença, onde quer que estejam, e com cada um ao mesmo tempo. Não percebeis que é melhor que eu vos deixe em carne para que possa estar convosco em espírito?

Dentro de poucas horas o mundo não me verá mais. Mas continuareis me conhecendo em vossos corações, até que vos envie novo mestre: o Espírito da verdade. Assim como tenho vivido convosco em pessoa, assim viverei então em vós: serei uno com vossas experiências pessoais no reino do espírito. E, quando chegar o momento de isto acontecer, tereis certeza de que eu estou no Pai e que, enquanto vossa vida estiver guardada com o Pai em mim, eu também estarei convosco. Tenho amado o Pai e mantido sua palavra. Vós me amastes e mantereis minha palavra. Assim como meu Pai deu-me seu Espírito, assim vos darei o meu. E este Espírito da Verdade que eu vos outorgarei irá vos guiar e confortar e, no final, vos conduzir à Verdade toda.

Eu vos digo essas coisas para que possais preparar-vos melhor e suportar bem as provas que vos aguardam. Quando esse novo dia chegar, sereis habitados pelo Filho e pelo Pai. E esses dons do céu trabalharão sempre um com o outro, do mesmo modo que o Pai e eu forjamos sobre a terra, diante de vossos olhos, o Filho do Homem, como uma só pessoa. Esse Espírito amigo vos lembrará tudo que vos tenho ensinado.

O gêmeo Judas de Alfeu: Mestre, tens sempre vivido entre nós como um amigo. Como te reconhecemos quando já não te manifestares a nós senão por meio desse Espírito? Se o mundo não te vê,como estaremos certos de ti? Como te mostrarás a nós?

Meus filhos, eu estou partindo. Volto ao Pai. Dentro de muito pouco já não me vereis como o fazeis agora, como carne e sangue. E em muito pouco tempo vos enviarei meu Espírito, que é igual a mim, exceto por este corpo físico. Esse novo Mestre é o Espírito da verdade, que viverá com cada um de vós, em vosso coração. Portanto, todos os Filhos da Luz serão um. Dessa forma, tanto meu Pai como eu poderemos viver na alma de cada um de vós e também no coração dos outros homens que nos amam e que fazem desse amor realidade, amando-se uns aos outros como eu agora vos estou amando. Digo-vos tudo isso – repetiu pela enésima vez – para que possais estar preparados para o que vos aguarda e não caiais em erro. As autoridades não se satisfarão em jogar-vos fora das sinagogas. Eu vos aviso: avizinha-se a hora em que aqueles que vos matarem o farão acreditando que estão prestando um serviço a Deus. Farão tudo isso porque não conhecem o Pai. E têm se recusado a me receber... E quando vos rechaçam, eles se recusam a me receber. Conto-vos essas coisas antecipadamente para que, quando chegar vossa hora, como chegou agora a minha, possais reconfortar-vos ao lembrar de que tudo era conhecido e que meu Espírito estará convosco em vossos sofrimentos. É com este fim que venho falando tão claramente desde o início. Até vos adverti de que os inimigos de um homem podem ser de sua própria casa. Ainda que este Evangelho do Reino jamais deixe de trazer grande paz à terra até que o homem se mostre desejoso de crer nos meus ensinamentos com todo o seu coração, estabelecendo a prática de fazer a vontade do Pai como o propósito principal de toda vida mortal.

E agora que vos deixo, vendo que é chegada a hora em que estou pronto para ir ao Pai, estou surpreso de que nenhum de vós me tenha perguntado: “Por que tu nos deixa?” De qualquer forma, sei que fazeis essa pergunta em vossos corações. Falar-vos-ei com clareza. Como um amigo a outro...

...É, na verdade, proveitoso para vós que eu parta. Se não me fosse, o novo Mestre não poderia vir a vossos corações. Devo ser despojado deste corpo mortal e restituído a meu lugar, no alto, antes de poder enviar esse Espírito que será o vosso Mestre. E quando meu Espírito vier morar em vós, Ele fará luz sobre a diferença entre o pecado e a retidão e vos fará capazes de julgar
sabiamente.

Tenho ainda muito que vos dizer, mas vejo que já não suportais mais ficar em pé. Quando o Espírito vier, Ele vos conduzirá finalmente a toda a Verdade, fazendo-vos passar pelas muitas moradas do Universo de meu Pai. Esse Espírito não falará de si próprio. Mostrar-vos-á o que o Pai revelou ao Filho e também as coisas que estão por vir. Ele me glorificará, assim como o tenho feito com meu Pai. Ele virá depois de mim e vos revelará minha verdade. Tudo que o Pai
tem, nesse domínio, agora é meu. Portanto, esse novo Mestre irá tomar do que é meu e vos manifestar. Dentro de muito pouco tempo vos deixarei, se bem que por pouco tempo. Depois, quando voltardes a me ver, já estarei a caminho de meu Pai. E não me vereis por muito tempo.

Perguntais o que quis dizer quando falei que dentro em pouco já não estaria convosco e que, quando me virdes outra vez, estaria a caminho de meu Pai?

Falei-vos claramente. O Filho do Homem deve morrer, mas voltará a se erguer.

Será que não podeis discernir o significado de minhas palavras? Primeiro ireis vos lamentar. Mais tarde, quando já tiverem acontecido essas coisas, ireis vos regozijar com todos aqueles que os compreenderem. Uma mulher fica verdadeiramente aflita na hora do parto. Mas, uma vez livre do filho, esquece de imediato sua angústia diante da alegria de saber que trouxe um homem ao mundo.

E assim estais: prestes a afligir-vos com minha partida. Mas logo voltareis a me ver e também podereis pedir em meu nome, e eu vos ouvirei. Aqui embaixo tenho vos ensinado em provérbios e vos falado em parábolas. Procedi assim porque sois apenas crianças no espírito. Mas é chegado o tempo em que vos falarei claramente a respeito do Pai e de seu reino. E o farei porque o próprio Pai vos ama e deseja ver-se claramente revelado a vós. O homem mortal não pode ver o Pai Espírito. Por isso vim ao mundo: para mostrá-lo a vós. Quando o crescimento do espírito vos aperfeiçoar, então vereis o Pai. Enquanto permanecer convosco, sob a forma carnal, não posso ser mais do que um indivíduo no meio do mundo. Mas quando tiver sido liberado desta veste de natureza mortal, poderei viver como Espírito e morar em cada um de vós e nos outros que crêem neste Evangelho do Reino. Assim, o Filho do Homem se tornará uma Encarnação Espiritual na alma de todos os verdadeiros fiéis.

Quando tiver voltado a vós em Espírito poderei guiar-vos melhor através desta vida e das muitas moradas da vida futura, no céu dos céus. A vida na eterna criação do Pai não é um repouso, uma ociosidade sem fim, ou uma comodidade egoísta, e sim uma incessante progressão em graça, verdade e glória. Cada uma das inúmeras moradas da casa de meu Pai é um lugar de passagem, uma vida
projetada para vos servir de preparação para a seguinte. E assim os Filhos da Luz seguirão de glória em glória até alcançar o estado divino, no qual serão espiritualmente perfeitos, tal qual o Pai é perfeito em todas as coisas. Se me seguirdes quando vos deixar, ponde vossos mais ardentes esforços em viver de acordo com o espírito de meus ensinamentos e com o ideal de minha
vida: fazer a vontade de meu Pai. Fazei isso em lugar de tentar imitar minha natural vida carnal...

O Pai me enviou a este munbdo, mas só poucos escolheram receber-me plenamente. Verterei meu Espírito sobre toda a carne, mas nem todos os homens escolherão receber esse novo Mestre como guia e consolo de sua alma. Mas o Espírito da Verdade se transformará neles em fonte de água viva, jorrando a vida eterna.

E agora, já que estou a ponto de vos deixar, quero transmitir-vos palavras de consolo. Deixo-vos a paz. Dou-vos minha paz. E dou esses dons, não como os dá o mundo, gradualmente. Dou a cada um de vós tudo que fordes capaz de receber. Não permitais que vosso coração se perturbe ou se mostre temeroso. Eu venci o mundo e em mim todos vós triunfareis pela fé. Já vos adverti que o
Filho do Homem será morto, mas asseguro-vos que voltarei antes de ir ao Pai, mesmo que seja apenas por pouco tempo. E, depois que houver ascendido ao Pai, com certeza enviarei o novo Mestre para que habite em vossos próprios corações. E quando virdes que chegou o momento em que tudo isso ocorre, não vos consterneis. Crede. Tanto mais que já o sabíeis por antecipação. Amei-vos com todo afeto e não vos deixaria. Mas é a vontade do Senhor meu Pai. Minha hora é chegada.

Não duvideis dessas verdades, mesmo que vos acheis dispersos pelo estrangeiro, por causa das perseguições, ou abatidos por muitas penas. Quando vos sentirdes sós no mundo, eu saberei da vossa solidão, da mesma forma que vós sabereis da minha quando deixardes o Filho do Homem nas mãos de seus inimigos. A diferença é que eu nunca estou só. O Pai sempre está comigo.

Mesmo nesses momentos rogarei por vós. Disse-vos todas essas coisas para que possais ter paz e a tenhais abundantemente. Neste mundo tereis atribulações mas conservai o bom humor. Eu venci o mundo e mostrei-vos o caminho para a alegria eterna e para o serviço eterno. Não deixeis que vosso coração se obscureça... nem vos deixeis sentir medo.


Sobre os Reinos deste Mundo e o Reino do Céu

Palavras aos discípulos no cimo da colina:


Os reinos deste mundo sendo como são, materiais, podem pensar muitas vezes que é necessário empregar a força física para a execução e o desenvolvimento das leis e a manutenção da ordem.

No Reino dos Céus, os crentes não recorrem ao emprego da força física. O Reino dos Céus, sendo como é, uma irmandade espiritual entre os filhos de Deus, pode promulgar-se unicamente pelo poder do espírito. Essa diferença de procedimento não anula, todavia, o direito dos grupos sociais e crentes de manter a ordem em suas fileiras e impor disciplina entre membros ingovernáveis e indignos. Não há incompatibilidade entre ser filho do reino espiritual e cidadão do governo secular e civil. É dever do crente dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus...

Não pode haver desacordo entre esses dois requisitos. A não ser que aconteça que um César tente usurpar as prerrogativas de Deus, peça homenagens espirituais e exija que se lhe preste culto supremo. Em tal caso, deveis adorar a Deus, enquanto tentais iluminar esses dirigentes mal orientados. Não deveis render culto espiritual aos governantes da terra. Nem tampouco deveis empregar a força física dos governos terrenos.

Ser filhos do reino, do ponto de vista de um mundo avançado, deve vos converter em cidadãos ideais nos reinos terrenos. A fraternidade e o serviço – não esqueçais – são as pedras angulares do Evangelho. O chamado do amor do reino espiritual deve provar que é efetivo, na hora de destruir o instinto do ódio entre os cidadãos não-crentes e os guerreiros do mundo terreno. Mas esses filhos das trevas, com mentalidade materialista, nunca saberão de vossa luz espiritual, a não ser que vos aproximeis deles. Por isso, devereis ser honrados e respeitados entre os cidadãos, entre os dirigentes deste mundo.

Esse serviço social generoso é apenas a conseqüência natural de um espírito que vive na luz.
Como homens mortais, sois em verdade cidadãos dos reinos terrenos; deveis ser bons cidadãos, e muito mais, quando houverdes voltado a nascer no espírito. Tendes, portanto, uma tríplice obrigação: servir a Deus, servir ao homem e servir à irmandade dos crentes em Deus.

Não adoreis os chefes temporais nem empregueis a força para o fomento do reino espiritual. Mas manifestai-vos em um honrado ministério de serviço amoroso, tanto aos crentes como aos não-crentes. É no Evangelho do Reino que reside o poderoso Espírito da Verdade, e seus frutos serão poderosas alavancas sociais que tirarão as massas das trevas. Em verdade vos digo que esse Espírito chegará a ser vossa alavanca, com um poder multiplicador.

Distribuí sabedoria e mostrai sagacidade no vosso trato com os dirigentes civis não-crentes. De forma discreta, mostrai-vos peritos na hora de resolver desacordos pouco importantes e ajustar desentendimentos fúteis. Buscai, por todas as formas leais, viver pacificamente com todos os homens. Sede sempre sábios como as serpentes e inofensivos como as pombas...

Sereis melhores cidadãos se souberdes iluminar vosso espírito com a Verdade do Evangelho. E os dirigentes dos assuntis civis melhorarão, como resultado desta crença no Reino Celestial.

Enquanto os chefes dos governos terrenos buscarem exercitar a autoridade como ditadores religiosos, vós – os que credes neste Evangelho – só podereis esperar problemas, perseguições e até a morte.

Mas eu vos digo que essa mesma luz que levardes ao mundo, e até a forma como padecerdes por ela, iluminará finalmente por si mesma toda a humanidade e dará como resultado a separação gradual da política e da religião.

A persistente pregação deste Evangelho do Reino levará algum dia as nações a uma nova e incrível libertação, à liberdade intelectual e à liberdade religiosa. Eu vos anuncio agora que, sob as próximas perseguições dos que odeiam este Evangelho da alegria, vós florescereis e o Reino de meu Pai prosperará. Mas não vos enganeis. Correreis grave perigo quando, nos tempos posteriores, a maioria dos homens falar bem dos crentes no reino, e muitos, mesmo ocupando altos cargos, aceitarem o Evangelho. Aprendei a ser leais ao reino, mesmo em tempos de paz e prosperidade.

Não tenteis os anjos que vos vigiam. Não os tenteis a vos levar por caminhos semeados de dificuldades, quando vos deixardes arrastar pela malícia e a vanglória. Recordai que estais encarregados de pregar este Evangelho, o supremo desejo de fazer a vontade do Pai, junto com a alegria suprema de realização da fé de serdes filhos de Deus. Portanto, não deveis deixar que nada desvie vossa atenção. Fazei com que toda a humanidade se beneficie do extravasamento de vosso amável ministério espiritual, iluminando a comunhão intelectual e inspirando o serviço social. Mas nenhuma dessas tarefas humanitárias deve prejudicar o verdadeiro objetivo de vossos corações: proclamar o Evangelho.

Não deveis buscar a promulgação da verdade ou o estabelecimento da honradez por meio do poder dos governos civis ou de leis seculares. Podeis trabalhar para persuadir as mentes humanas, mas nunca, nunca deveis chegar ao atrevimento de vos impordes. Não esqueçais a grande lei da justiça
humana que vos ensinei: o que desejardes que vos façam, fazei a eles...

Quando um crente for chamado a servir a um governo terreno, deixai que ele exerça esse trabalho, como cidadão temporal, ainda que tenha de mostrar os traços e sinais comuns da cidadania.

Sua ação terá sido enriquecida pela iluminação espiritual da enobrecedora associação da mente do homem mortal com o espírito divino que nele habita. Se o não-crente chega a qualificar-se como servidor civil exemplar, deveis vos perguntar seriamente se as raízes da verdade de vosso coração não morreram por falta das águas viventes da comunhão espiritual com o serviço social.

A consciência de serem filhos de Deus deve estimular toda a vida de serviços a vossos semelhantes. Não deveis ser místicos passivos ou ascetas desanimados. Não deveis tornar-vos
sonhadores ou inconstantes, caindo na cômoda letargia de crer que uma fictícia Providência virá vos prover até do necessário para viver.

Em verdade, deveis ser suaves em vosso trato com os mortais que se equivocam. E pacientes em vossas conversas com os homens ignorantes. E contidos ante as provocações...

Mas também deveis ser valentes na hora de defender a honra, fortes na promulgação da verdade e até audazes para pregardes este Evangelho do Reino. E devereis chegar até os confins do
mundo...

Este Evangelho é uma Verdade viva. Eu vos disse que é como a levedura no pão e como ogrão de mostarda. E agora vos declaro que é como a semente do ser vivo que, de geração em geração, enquanto continua sendo a mesma semente viva, desdobra-se infalivelmente em novas manifestações e cresce de forma aceitável, adaptando-se às necessidades peculiares e condições de cada
geração. A revelação que vos fiz é uma revelação viva. Uma revelação viva, e é meu desejo que ela leve frutos apropriados a cada indivíduo e a cada geração, de acordo com as leis do crescimento espiritual. É meu desejo que se incremente e tenha um desenvolvimento. De geração em
geração, este Evangelho deve mostrar vitalidade crescente e maior profundidade de poder espiritual. Não se deve permitir que chegue a ser uma simples recordação sagrada, mera tradição sobre mim ou sobre os tempos que agora vivemos...

E não esqueçais que não temos dirigido um ataque pessoal aos indivíduos nem à autoridade nem à autoridade dos que se sentam na cadeira de Moisés. Tão-só lhes temos oferecido a nova luz, que eles repeliram com tanto vigor. Temos nos lançado contra eles, só por sua deslealdade espiritual para com as mesmas verdades que dizem ensinar e salvaguardar. Tivemos choques com esses dirigentes estabelecidos e chefes reconhecidos só quando se opuseram à prática do Evangelho.

E, mesmo agora, não somos nós que nos lançamos contra eles, mas são eles que buscam nossa destruição. Não tendes de atacar as antigas fórmulas. Deveis colocar habilmente a levedura da nova Verdade no meio das velhas crenças. E deixai que o Espírito faça seu próprio trabalho.

Deixai que a controvérsia surja só quando aqueles que vos desprezam vos forçarem a ela.

Mas quando os não-crentes vos atacarem intencionalmente, não hesiteis em vos manter em vigorosa defesa da Verdade que vos tem salvado e santificado.

Lembrai sempre: amai-vos uns aos outros. Não luteis com os homens, nem mesmo com os não-crentes.

Mostrai misericórdia até mesmo para com os que depreciativamente abusem de vós. Mostrai-vos cidadãos leais, artesãos honrados, vizinhos merecedores de elogio, parentes devotos, pais
compreensivos e sinceros crentes na fraternidade do reino do Espírito. E eu vos asseguro que meu espírito estará sobre vós, e sempre, até o fim do mundo...

Mensagem a Abner, que se inquieta com os rumores sobre a Conspiração para Matar o Mestre Diz a Abner que siga adiante com seu trabalho. Se me separo de vós em carne, é porque posso voltar em espírito. Não vos abandonarei. Estarei convosco até o fim.

NASCIMENTO - 21 de agosto Ano 7 A.C. 11 horas, 43' e 9"

CRUCIFIXÃO - 7 de abril, Sexta-feira, Ano 30 D.C.

RESSURREIÇÃO - 9 de Abril, Domingo, Ano 30 D.C.

ASCENSÃO - 18 de Maio, Quinta-Feira, Ano 30 D.C., Pouco Depois Das 7 Horas

22 de Abril, Sábado
14a. – Hora “sexta” (meio-dia). Monte da Ordenação (hoje chamado das Bem-Aventuranças), ao norte do Kennereth (lago da Galiléia). Testemunhas: os onze discípulos. O Ressuscitado celebra a cerimônia da Ordenação dos onze.

Os onze se aproximam, ajoelham-se ao redor de Jesus. Então, erguendo a face para o céu, Jesus pronuncia as solenes palavras:

Meu Pai, trago-te de novo estes homens: meus mensageiros! Dentre os filhos da Terra escolhi estes para que me representem como eu mesmo vim representando-se. Ama-os e acompanha-os, como tu me amaste e acompanhaste! E agora, meu Pai, dá-lhes a sabedoria, já que ponho em suas mãos todos os assuntos do reino. Novamente, meu Pai, agradeço-te por estes homens e os deixo sob tua guarda...

29 de Abril, Sábado
15a. – Por volta da “nona” hora (15 horas). Praia de Saidan. Testemunhas: os onze discípulos, o jovem João Marcos, a Senhora, parte da família dos Zebedeu, cerca de quinhentos moradores das localidades próximas e aquele que escreve este diário. Depois do discurso de Pedro, surge na lancha atracada um “Homem”.

Durante alguns instantes, o Ressuscitado pára o olhar sobre a multidão e depois exclama:

Que a paz esteja convosco... Deixo-vos minha paz.

5 de Maio, Sexta-Feira
16a. – Primeira vigília da noite (cerca das 21 horas). Pátio a céu aberto, na casa de Nicodemus (Jerusalém). Testemunhas: o anfitrião, os onze discípulos e cerca de setenta seguidores do Mestre, entre os quais se encontram mulheres e gregos.

Jesus lhes diz:

A paz esteja convosco. Eis aqui o grupo mais representativo de fiéis embaixadores do reino, discípulos, homens e mulheres aos quais apareci desde que me libertei da carne. Eu vos lembro agora aquilo que vos anunciei tempos atrás: que minha estada entre vós terminaria. Disse-vos que tinha de voltar para junto do Pai. Também vos expus claramente que os sacerdotes principais e os líderes dos judeus me entregariam para ser condenado à morte.

Mas também vos disse que me levantaria do túmulo. Então, qual é a razão de vosso desconcerto?
Por que tanta surpresa quando, no terceiro dia, ressuscitei?

Não crestes em mim porque escutastes minhas palavras sem entendê-las. Agora, portanto, prestai atenção para não cair de novo no erro de me ouvir com a mente, ignorando-me com o coração.

Desde o primeiro momento de minha estada entre vós, ensinei-vos que meu único objetivo era revelar o meu Pai dos céus aos meus filhos na Terra. Vivi essa encarnação para que possais aceitar o conhecimento desse grande Deus. Eu vos revelei que Deus é vosso Pai e vós sois seus filhos...

Deus vos ama!...E é fato que sois seus filhos... Pela fé em minhas palavras, isso se torna uma verdade eternamente viva em vossos corações.

Quando, por essa fé viva, estiverdes conscientes desse Deus e daquilo que afirmo, então tereis nascido como filhos da Luz e da Vida. E eu vos prometo que continuareis ascendendo e que encontrareis o Pai no Paraíso... Eu vos exorto a que não vos esqueçais de que vossa missão consiste na proclamação do Evagelho do Reino.

Quer dizer, a realidade da paternidade de Deus e a irmandade entre os homens... Anunciai a boa-nova, em sua totalidade. Não deveis cair na tentação de revelar somente uma parte. Prestai atenção!

Minha ressurreição não deve mudar a grande mensagem, ou seja, que sois filhos de um Deus!

Permanecei, pois, fiéis ao Evangelho do Reino. Deveis andar pelo mundo, pregando o amor de Deus e o serviço aos homens. O que o mundo necessita é saber que todos são filhos do Pai e que, graças a essa fé, podem conhecer e experimentar essa nobre verdade. Minha encarnação deveria ajudar a compreender que os homens são filhos do céu, mas sei também que, sem fé, não é possível alcançar o autêntico sentido dessa revelação.

Agora, aqui estais compartilhando a realidade da minha ressurreição. Mas isso nada tem de estranho. Eu tenho o poder de sacrificar minha vida... e de recuperá-la. É o Pai quem me outorga esse poder. Mais do que por isso, vossos corações deveriam estremecer é pela realidade desses mortos de uma época que empreenderam a ascensão eterna pouco depois que abandonei o túmulo de José de Arimatéia...

Vivi para vos mostrar como, com amor, podeis revelar Deus a vossos semelhantes. O fato de vos amar e de vos servir foi uma revelação de Deus. Se fiquei entre vós como o Filho do Homem foi para que chegásseis a conhecer esta grande verdade: sois filhos de um Deus!

Ide, pois, e proclamai este Evangelho. Amai como eu vos amei. Servi como eu vos servi.

Recebeste com generosidade... Sede, pois, generosos.

Ficai em Jerusalém até que eu vá ao Pai e vos envie o Espírito da Verdade. Depois, Ele vos conduzirá a uma verdade mais ampla e vos acompanhará por todo o mundo.

Estarei sempre convosco...

Deixo-vos minha paz.

13 de Maio – Sábado
17a. – Por volta da “décima” hora (16 horas). Perto do poço de Jacó (cidade de Sicar, em Samaria). Testemunhas: cerca de setenta e cinco samaritanos, fiéis seguidores do Mestre. Dizia assim:

A paz esteja convosco... Estais jubilantes por saber que sou a ressurreição e a vida. Mas nada disso servirá se antes não nascerdes do espírito e encontrardes Deus. Se chegardes a ser filhos do Pai pela fé, nunca morrereis.

O Evangelho do Reino ensina que todos os homens são filhos de Deus. Muito bem, é preciso que esta boa-nova seja espalhada por todo o mundo. Chegou a hora em que não devereis adorar no monte Gerizim nem em Jerusalém, mas ali onde vos encontrardes. Ali onde estiverdes... em espírito e verdade. É a vossa fé que salva a alma. A salvação é uma graça de Deus para todos aqueles que se consideraram seus filhos. Mas não vos equivoqueis. Ainda que a salvação seja um presente do Pai, oferecido a quantos o desejam pela fé, é mister render frutos espirituais na vida.

A aceitação da verdade sobre a paternidade de Deus significa que deveis tornar vossa a segunda grande revelação: todos os homens são irmãos... fisicamente!

Portanto, se o homem é vosso irmão, é muito mais que vosso próximo. E o Pai exige que o ameis como a vós mesmos. Se o homem pertence, pois, à vossa própria família, não só o amareis com o
amor fraterno, como também o servireis como serviríeis a vós mesmos. E assim o fareis, porque eu, primeiro, fiz convosco.

Ide, pois, pelo mundo, anunciando essa boa-nova a todas as criaturas de cada raça, tribo e nação.

Meu espírito vos precederá e estarei sempre convosco.

16 de Maio, Terça-Feira
18a. – Pouco antes das 21 horas. Cidade de Tiro (costa da Fenícia). Testemunhas: os emissários não conseguem chegar a um acordo. Alguns mencionam cinqüenta. Outros falam de uma centena de gentios, todos eles conhecedores dos ensinamentos de Jesus. Estas são as palavras do Ressuscitado:

A paz esteja convosco...

Regozijai-vos ao saber que o Filho do Homem ressuscitou dentre os mortos. Assim sabeis que vós, assim como vossos irmãos, também vencereis a morte. Mas para alcançar essa vida superior é preciso que, previamente, tenhais nascido do espírito que busca a verdade e tenhais descoberto o Pai. O pão e a água da vida se outorgam unicamente aos que têm fome da verdade e sede de
Deus.

Não vos confundais. Que os mortos ressuscitem não constitui o Evangelho do Reino. Essas coisas só são o resultado, uma conseqüência a mais, dá fé na boa nova. Fazem parte do Evangelho e da sublime experiência daqueles que, pela fé, se convertem em filhos de Deus... mas, lembrai, não é o Evangelho.

Meu Pai me enviou para difundir esta notícia: todos sois filhos desse Deus!

Assim pois, eu vos envio longe, para que pregueis essa salvação. A salvação é um dom de Deus, mas aqueles que nascem do espírito demonstram os frutos imediatamente, por meio do serviço aos seus semelhantes, fidelidade, equilíbrio, honradez, esperança permanente, confiança sem reservas, misericórdia, bondade, clemência piedosa e paz sem fim. Se os crentes não contribuem com esses frutos na sua vida diária... estão mortos! O Espírito da Verdade – não vos enganeis – não reside neles. São rebentos inúteis de uma videira viva e logo serão podados.

Meu Pai exige que todos os filhos da fé rendam um máximo de frutos. Se vós sois estéreis, Ele cavará ao redor das raízes e cortará os ramos inúteis. Esta é a grande verdade: conforme avançais no Reino dos Céus, esses frutos deverão ser mais numerosos. Podeis entrar no Reino como uma criança, mas vos asseguro que meu Pai solicitará que alcanceis, pela graça, a plenitude de um adulto.

Ficai tranqüilos... Quando sairdes a proclamar essa boa nova, eu vos precederei e meu Espírito habitará em vós.

Deixo-vos minha paz...

18 de maio, Quinta-Feira
19a. – 6h30. Aposento do andar superior da casa dos Marcos, na Cidade Santa. Testemunhas: todos os íntimos (onze), Maria Madalena, Rode, uma das servas e este que aqui escreve.

Que a paz esteja convosco...

Pedi-vos que permanecêsseis aqui, em Jerusalém, até minha ascensão junto ao Pai...

Disse-vos que enviaria o Espírito da Verdade, que logo será derramado sobre toda a carne e que vos conferirá o poder do alto...

Simão, o Zelote pergunta: Então, Mestre, restabelecerás o reino? Veremos a glória de Deus se manifestar no mundo?

Simão, ainda te aferras às tuas velhas idéias sobre o Messias judeu e o Reino terreno. Não te preocupes... Receberás poder espiritual quando o Espírito tiver descido sobre ti... Depois vós andareis por todo o mundo pregando esta boa notícia do Reino. Assim como o Pai me enviou, eu agora vos envio...

(...) Judas não está mais convosco, porque seu amor esfriou e porque ele se negou a confiar em vós...

Não lestes nas Escrituras que “não é bom que o homem esteja só?” Nenhum homem vive para si mesmo. Todo aquele que quiser ter amigos deverá mostrar-se amistoso. Acaso não vos enviei a ensinar dois a dois, para que não vos sentísseis sós e não caísseis nos erros e sofrimentos provocados pela solidão?

Sabeis também que durante minha Encarnação não me permiti estar sozinho por muito tempo. Desde o princípio tive sempre ao meu lado dois ou três de vós... inclusive quando falava com o Pai...

Confiai, pois, uns nos outros! E isso hoje é muito necessário, porque ireis ficar sozinhos...

É chegada a hora...

Estou prestes a voltar ao Pai.

Em seguida dirige-se, com os onze, para o sopé ocidental do monte das Oliveiras. Pouco depois das 7 horas, o Ressuscitado e os íntimos param a meio caminho do cume.

Pedi-vos que permanecêsseis em Jerusalém até que recebêsseis o poder do alto. Estou prestes a despedir-me de vós e subir ao Pai. E logo, muito breve, enviarvos-ei o Espírito da Verdade a este mundo onde vivi...

E quando Ele chegar, espalhareis o Evangelho do Reino. Primeiro em Jerusalém. Depois... Depois... pelo mundo todo!

Pedro se ajoelha diante do Mestre. Todos o imitam. São as últimas palavras do Filho do Homem na Terra:

... Amai os homens como o mesmo amor com que eu vos amei... E servi vossos semelhantes como eu vos servi. Servi-os com o exemplo... E ensinai com os frutos espirituais de vossa vida. Ensinai a grande verdade... Incitai-os a acreditar que o homem é um filho de Deus... Um filho de Deus! O homem é um filho de Deus e todos, portanto, sois irmãos... Lembrai-vos de tudo que eu vos ensinei e da vida que vivi entre vós... Meu amor vos envolverá...

Até muito breve!

Meu espírito e minha paz reinarão entre vós...Adeus!

E de súbito desapareceu, no mais completo silêncio. Como uma lágrima imolada ao sol.

ORAÇÃO DE MARIA, EM VIAGEM COM OS DISCÍPULOS

25 de Abril, Terça-Feira, Ano 30 D.C.

Pai nosso, que nos hás criado, arrancando-nos como uma centelha eterna do teu coração de ouro... Que estás nos céus...
Que estás no céus limitados de cada dor e de cada enfermidade...
Que estás no sangue que se derrama...
Que estás no céu sem distância do amor. Santificado seja o teu nome...
Santificado e repetido com orgulho, com a satisfação do Filho do poderoso...
Venha a nós o teu reino...
Chegue aos homens a sombra da tua sabedoria...
Venha a nós a brisa que impele a vela...
Venha logo o sinal de teu Filho, meu adorado Filho, venham a nós as verdades do teu reino...
Faça-se a tua vontade na Terra e nos céus...
E que o homem saiba compreender...
Que os espíritos conheçam que nada morre ou muda sem o teu conhecimento...
Que não percamos o sentido da tua última palavra: “Amai-vos...”.
Faça-se a tua vontade, ainda que não a entendemos...
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje...
Dá-nos o pão da alegria dos pequenos momentos...
Dá-nos o pão das promessas...
Dá-nos o pão da paciência e do repouso...
Dá-nos o pão da coragem e da justiça...
E o fogo e o sal da companhia...
E também o pranto que limpa...
Dá-nos, Pai, o rosto sem rosto da tua imagem...
E perdoa nossas dívidas...
Desculpa nossos erros como o pai esquece as faltas do filho...
Perdoa as trevas do nosso egoísmo...
Perdoa as feridas abertas...
Perdoa os silêncios e o troar das calúnias...
Perdoa nossa pesada carga de desconfiança...
Perdoa este mundo que, à força de solidão, está ficando só...
Perdoa nosso passado e nosso futuro...
E não nos deixes cair na tentação da riqueza, nem na miséria e na estreiteza de espírito...
Livra-nos, Pai, de toda certeza e segurança materiais...
Livra-nos.

JcShow

O que é ser Voluntário!

Acordemos

É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.