segunda-feira, 2 de agosto de 2010

16 de Abril, Domingo


11a. – 18 horas. Cenáculo, na casa dos Marcos (Jerusalém). Portas novamente trancadas. Testemunhas: os onze íntimos e este que escreve este diário.

Que a paz esteja convosco.

...Esperei uma semana, até que estivésseis todos reunidos, para aparecer de novo e dar-vos, uma vez mais, a ordem de correr o mundo divulgando o Evangelho do reino. Repito-vos: assim como o Pai me enviou ao mundo, eu vos envio. Assim como revelei o Pai, vós estendereis o amor divino não só com palavras, mas também com vossa vida de todos os dias. Envio-vos não para amar as almas dos homens, mas para amar os homens. Não basta que proclamais as alegrias do céu.

Também é necessário mostrar as realidades espirituais da vida divina em vossa experiência diária. Sabeis pela fé que a vida eterna é um dom de Deus. Quando tiverdes mais fé e o poder de cima ( o Espírito da Verdade) tiver penetrado em vós, não ocultareis sua luz.

Aqui, atrás das portas cerradas, dareis a conhecer a toda a Humanidade o amor e a misericórdia de Deus. Por medo, fugis agora diante de uma desagradável experiência. Mas quando estiverdes batizados pelo Espírito da Verdade, ireis, felizes e alegres, propagar as novas experiências da vida eterna no Reino do Pai. Podeis permanecer aqui ou na Galiléia durante um curto período.

Assim podereis refazer-vos do golpe da transição entre a falsa segurança da autoridade do tradicionalismo e a nova ordem da autoridade dos fatos, da verdade e da fé nas realidades supremas da viva experiência. Vossa missão no mundo se baseia no que vivi convosco: uma vida revelando Deus e em torno da verdade de que sois filhos do Pai, assim como todos os homens.

Esta missão se concretizará na vida que levareis entre os homens, na experiência afetiva e vivente do amor a todos eles, assim como eu vos amei e servi. Que a fé ilumine o mundo e que a
revelação da verdade abra abra os olhos cegados pela tradição. Que vosso amor destrua os preconceitos engendrados pela ignorância. Ao aproximar-vos de vossos contemporâneos com simpatia compreensiva e uma dedicação desinteressada, vós os conduzireis à salvação pelo conhecimento do amor do Pai.

Os judeus exaltaram a bondade. Os gregos, a beleza. Os hindus, a devoção. Os antigos ascetas, o respeito. Os romanos, a fidelidade... Eu, contudo, peço a vida de meus discípulos. Uma vida de amor a serviço de seus irmãos na carne.

E tu Tomé, que disseste que não acreditarias a menos que me visses e pusesses teus dedos nas feridas dos cravos em meus pulsos, agora me vês e me ouves, apesar de que não vês nenhum sinal de cravos...

O Ressuscitado levanta os braços. As mangas deslizam e ele mostra a Tomé a pele limpa, sem sinal algum de feridas. E lhe diz:

... Já que agora vivo sob uma forma que tu também terás quando deixares este mundo, que dirás aos teus irmãos?

Reconhecerás a Verdade, já que em teu coração havias começado a crer, embora te manifestaste com tua incredulidade. É este o momento em que as dúvidas começam a desmoronar...

Tomé, peço-te que não percas a fé. Crê...Sei que crerás com todo o teu coração.

Creio, meu Senhor e Mestre!

Tu creste, Tomé, porque me viste e ouviste. Benditos sejam, nos tempos vindouros... Benditos sejam nos tempos vindouros os que me creiam sem me haver visto com os olhos da carne nem ouvido com os ouvidos humanos!

Agora, ide todos à Galiléia. Lá vos aparecerei logo.

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O que é ser Voluntário!

Acordemos

É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.