segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ressurreição – 9 de Abril, Domingo



Diante do sepulcro. Um silêncio estranho e anormal caiu sobre a área.

13h10 – Como um rugido, como uma mão de ferro que se arrastasse sobre uma rocha, ouviu-se um lento, muito lento, deslizar de uma pedra sobre outra. De repente, o rangido cessou. Quase simultaneamente, brotou da galeria uma labareda. Mas não era fogo. Era luz. Tampouco se podia definir o fenômeno como uma explosão. Entre outras razões, porque não houve estampido algum.

Uma língua, ou bolha de radiação luminosa, de um branco azulado indescritível. Aquela “explosão” luminosa saiu do sepulcro. E prolongou-se instantaneamente até as árvores mais próximas, situadas a pouco mais de quatro metros dos degraus de acesso ao panteão. Sua trajetória foi oblíqua e seguiu uma linha natural de escape. Em décimos de segundo a luz desapareceu, e tudo ficou no mais absoluto silêncio. Uma tumba vazia...

APARIÇÕES DE JESUS RESSUSCITADO

9 de Abril, Domingo

1a. – Pouco antes do romper do dia (ao redor das 5h47). Horto de José de Arimatéia. Testemunhas: Maria Madalena e mais quatro mulheres. Quando Madalena tenta abraçá-lo, o Ressuscitado não permite:
Que buscais?...
Buscamos Jesus... enterrado na tumba de José... Mas já não está. Sabes para onde o levaram?
Este Jesus não vos disse, já na Galiléia, que morreria mas que ressuscitaria?
Maria!
Meu Senhor!... Meu Mestre!
Não me toques, Maria! Não sou aquele que conheceste na carne... Sob esta forma permanecerei entre vós antes de ir para junto do Pai. Agora ide todas e dizei a meus apóstolos e a Pedro que ressuscitei e que me falastes!

2a. – Por volta das 9h35. Na plantação do velho de Arimatéia. Testemunha: Madalena.

Não fiques em dúvida. Tem coragem... Crê no que viste e ouviste. Volta aos apóstolos e diz-lhes outra vez que ressuscitei... que aparecerei diante deles e que logo, como lhes prometi, os precederei na Galiléia.

3a. – Hora “sexta” (meio-dia) mais ou menos. Betânia. Jardim da propriedade da família de Lázaro. Testemunha: Tiago.

Passeiam juntos e o “Homem” fala de “certos fatos” que deveriam acontecer.

4a. – Por volta da “nona” (15 horas). Betânia. No umbral de um dos aposentos da casa de Lázaro. Vinte testemunhas: entre outros, a família de Lázaro, Davi Zebedeu, Salomé, a Senhora, Tiago (irmão de Jesus) e Madalena.

5a. – 16h15, aproximadamente. Interior da casa de José de Arimatéia, em Jerusalém. Testemunhas: Maria Madalena e vinte e quatro mulheres.

Na comunhão do Reino não haverá nem judeu nem gentio. Nem rico nem pobre. Nem homem nem mulher. Nem escravo nem senhor... Vós também sois chamadas a proclamar a libertação da Humanidade pelo Evangelho da união com Deus... Ide pelo mundo inteiro anunciando este Evangelho e confirmando
os crentes na fé neste Evangelho. Quando fizerdes isso, não vos esqueçais dos enfermos, e alentai os tímidos e temerosos. Estarei sempre convosco até os confins da Terra.

6a. – 16h30. Jerusalém. Interior da casa de Flávio, antigo conhecido de Jesus. Testemunhas: mais de quarenta gregos, seguidores dos ensinamentos do Mestre.

Que a paz esteja convosco. Ainda que o Filho do Homem haja aparecido na Terra entre os judeus, trazia o ministério para todos os homens. Dentro do Reino do meu Pai não haverá judeus nem gentios. Todos sereis irmãos... Os Filhos de Deus. Ide, portanto, pelo mundo inteiro espalhando este Evangelho da Salvação, como o recebestes dos mensageiros do Reino e eu os receberei na
comunhão da fraternidade dos filhos do Pai na fé e na verdade... Embora o Filho do Homem tenha aparecido na Terra entre os judeus, trazia seu ministério para todos os homens.

7a. – Por volta das 18 horas. No caminho da Cidade Santa a Emaús. Testemunhas: os irmãos Cleófas e Jacó, pastores.

Quais eram as palavras que trocáveis com tanta seriedade quando me aproximei de vós?

É possível que vivas em Jerusalém e não saibais dos acontecimentos que ocorreram?

Que acontecimentos?

Se desconheces esses fatos, és o único na cidade que não está a par dos rumores referentes a Jesus de Nazaré, que era um profeta rico em palavras e obras diante de Deus e do povo. Os chefes dos sacerdotes e os dirigentes judeus o entregaram aos romanos, exigindo sua crucificação. Mas isso não é tudo. Ademais, hoje estamos no terceiro dia de sua crucificação, e algumas mulheres nos assombraram declarando que haviam ido muito cedo até o sepulcro, encontrando a tumba vazia.

E essas mesmas mulheres repetem com insistência que conversaram com Jesus e sustentam que ele ressuscitou de entre os mortos. Quando o contaram aos homens, dois dos discípulos correram à tumba e confirmaram que ela estava vazia... Mas não viram Jesus.

Como sois lentos para compreender a verdade! Se dizeis que o motivo de vossa discussão eram os ensinamentos e as obras desse Homem, vou esclarecer-vos já que estou mais acostumado a esses ensinamentos. Não vos recordais do que sempre disse e pregou Jesus, que seu Reino não era desse mundo e que todos os homens são filhos de Deus?

Que devem encontrar a libertação e a liberdade na alegria espiritual da comunhão fraterna do serviço afetuoso neste novo Reino da Verdade, do Amor, do Pai celestial?

Não vos recordais como o Filho do Homem proclama a salvação de Deus para todos os homens, curando os enfermos e os aflitos e libertando aqueles que estavam unidos pelo medo e que eram escravos do mal?

Não sabeis que este Homem de Nazaré preveniu os seus discípulos de que haveria de ir a Jerusalém e de que o entregariam a seus inimigos, que o condenariam à morte, ressuscitando depois do terceiro dia?

Não lestes as passagens das Escrituras relativas a esse dia da salvação dos judeus e pagãos, nas quais se diz que nele todas as famílias da Terra serão, em verdade, benditas, que ouvirá o grito lastimoso dos necessitados e que salvará as almas dos pobres que buscam a sua ajuda e que todas as nações o qualificarão de bendito?

Não ouvistes que este Libertador aparecerá à sombra de uma grande rocha em um país desértico?

Que alimentará o rebanho como um verdadeiro pastor, acolhendo em seus braços os cordeiros e carregando-os docemente ao peito?

Que abrirá os olhos aos cegos espirituais e trará os presos do desespero à liberdade plena e à luz?...

Que todos os que moram nas trevas verão a grande Luz da Salvação Eterna?

Que curará os corações destroçados, proclamará a liberdade dos cativos do pecado e abrirá as portas do cárcere aos escravos do medo e do mal?

Que levará consolo aos aflitos e estenderá sobre eles a alegria da salvação, em lugar da dor
e da opressão?

Que será o desejo de todas as nações e a perpétua alegria dos que buscam a justiça?

Que este Filho da Verdade e da retidão levantar-se-á sobre o mundo com a Luz que cura e o poder da salvação?

Que perdoará os pecados aos seus fiéis?

Que buscará e salvará os extraviados?

Que destruirá os débeis, mas que levará a salvação a todos aqueles que têm fome e sede de justiça?

Não ouviste que os que crêem nele gozarão da vida eterna?

Que estenderá seu Espírito sobre toda a carne, e que em cada fiel esse Espírito da Verdade será um manancial de água viva na vida eterna?

Não compreendestes a grandeza do Evangelho do Reino que esse Homem vos deu?

Não vedes quão grande é a salvação de que vos beneficiais?

Depois, quando chegaram à aldeia e se sentara à mesa para comer, o Homem cortou o pão, o benzeu, dando um pedaço a cada um.

– É o Mestre!

8a. 20h30. Pátio a céu aberto no lar dos Marcos, em Jerusalém. Testemunha: Simão e Pedro.

Pedro, o inimigo quer possuir-te, mas eu não te abandonarei. Sabia que em teu coração não me havias renegado. Por isso perdoei-te antes que me pedisses. Agora é preciso que cada um deixe de pensar em si próprio e nas atuais dificuldades. Prepara-te para levar a boa-nova do Evangelho àqueles que se encontram nas trevas. Não te preocupes pelo que possas conseguir do Reino. Ou
melhor, vê o que tu podes dar aos que vivem na terrível miséria espiritual.

Apronta-te, Simão, para o combate de um novo dia, para a luta contra o obscurantismo espiritual e as nefastas dúvidas do pensamento natural dos homens.

Passeiam lembrando o passado e falando do presente e do futuro.

Adeus, Pedro, até que te veja em companhia de teus companheiros.

9a. 21h30. Andar superior da casa de Elias Marcos (Jerusalém). Testemunhas: o cabeça da família, José de Arimatéia, dez dos onze discípulos (faltava Tomé) e este que escreve este diário.

A paz seja convosco!

Por que estais tão assustados, como se se tratasse de um espírito?

Não vos disse que os principais sacerdotes e dirigentes me entregariam à morte, que um de vós me trairia e que eu ressuscitaria ao terceiro dia?

Então, por que tantas discussões e dúvidas sobre o que disseram as mulheres, Cleofás, Jacó e o próprio Pedro? E agora que me vedes, credes em mim?

Um de vós ainda está ausente. Quando vos reunirdes mais uma vez e souberdes com segurança que o Filho do Homem ressuscitou, ide para a Galiléia. Tende fé em Deus! Tende fé uns nos outros!

Assim entrareis no novo serviço do Reino dos Céus. Permanecerei em Jerusalém até que estejais em condições de partir para a Galiléia. Deixo-vos em paz.

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É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.