segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Primeira Semana No Hermon


Conversa Com Jasão E Eliseu

Segundo suas palavras, de acordo com os Planos Divinos, sua experiência humana achava-se “limitada” por uma série de “condições”, absolutamente invioláveis.

Essas “proibições” – auto-impostas pelo próprio Jesus de Nazaré durante sua permanência no Hermon - acabavam sendo de enorme bom senso.

Em primeiro lugar, o Homem-Deus não deveria deixar nada escrito. Escritos – bem entendido – de seu próprio punho. De nenhum tipo. Tinha razão. Se o Mestre tivesse posto no papel sua doutrina e filosofia, os seguidores, muito provavelmente, teriam convertido semelhante tesouro em “artigo” de veneração e, o que podia ser ainda mais lamentável, em motivo de permanentes disputas e interpretações de todo tipo.

(...) Em segundo lugar – movido por esse mesmo bom senso -, o Filho do Homem tomaria outra decisão não menos importante: sua imagem, sua figura, não poderia ser desenhada por mãos humanas. Curioso. Quando alguns, ao longo de sua vida pública, tentaram “retrata-lo”, Ele sempre foi contra, provocando o desconcerto de íntimos e estranhos. Na minha opinião, isso também tinha sua lógica. No fundo, essas pinturas só teriam causado problemas. Em particular, de natureza idólatra.

(...) A terceira autodelimitação – de maior peso, se assim podemos dizer – nos deixou perplexos. Muito bem – de acordo ainda com suas palavras -, a decisão de não se casar e não deixar descendência fazia parte também da rígida “norma” divina. Isso – disse – era o conselho de seu Pai. E como Criador ele não podia infringir a lei. Não havia, pois, razões obscuras, muito menos religiosas, em tal atitude. Simplesmente isso era o disposto antes até de sua encarnação. Essa era a “ordem” estabelecida pelo Alto. E não lhe faltava razão. Se um escrito de seu punho e letra ou um desenho daquele belo rosto teriam provocado autênticas comoções no futuro, o que se supõe que teria acontecido com os filhos, netos, etc., do Filho de Deus?

(...) Perguntei: Senhor, isso significa que preferes o celibato ao casamento?
Sabes que eu não disse isso. E sei igualmente por que perguntas isso. Pois anota bem: o casamento é tão digno quanto a decisão de permanecer solteiro. No Reino do meu Pai não existem casamentos, assim como vós os entendeis. Mas isso agora não tem importância. Aqui, na fraternidade humana, tanto um como outro tem o seu papel e justificação. Mas, cuidado, meu querido “mensageiro”, transmite bem minhas palavras... Nenhum solteiro deverá se considerar superior nem menos capacitado na hora de pregar ou praticar minha mensagem.

...Procurar o “Barbudo” e fazer sua vontade não depende da categoria social, de
riquezas e, muito menos, do estado civil. E te direi mais: nem sequer está sujeito
à inteligência...O grande segredo da existência humana, descobrir o “Chefe”, só
poderá ser desvelado com a vontade. Se o desejas, só se o desejas, encontrarás o
Pai e terás triunfado na vida.

Queridos filhos, sabeis o que há de mais belo e reconfortante no riso?
...O que há de mais atraente no senso de humor é que só é praticado por gente
segura e confiante.
Não mudes nunca, meu querido anjo...
Sabeis que o humor é uma invenção do Pai?
Eliseu: Quer dizer então que o Chefe ri...
Sobretudo quando o homem pensa...
Jasão: Senhor, por que dizes que teu trabalho é semelhante ao trabalho das línguas de fogo?
O Filho do Homem também veio para curar a memória humana. Agora, não por vossa culpa, ela está doente. Dominada pela escuridão. Sujeita ao erro e ao desespero. Eu sou o fogo que purifica. Eu vos trago a esperança. Eu vos anuncio que, apesar das aparências, tudo está por estrear. Deus, o Pai, está por fazer sua “estréia”.

Hoje, ao completar meus 31 anos nesta forma humana, vou pedir ao Pai que os converta em meus primeiros discípulos... E quero fazê-lo solenemente... Como convém aos autênticos embaixadores e mensageiros... Levantou os braços e foi depositar as mãos sobre nossas cabeças. Foi instantâneo. Guardou silêncio. Depois, com uma voz forte, prosseguiu:

Pai! Eles são os primeiros! Protege-os! Guia-os! Dá-lhes tua bênção!... Eles, ao procurarem-me, já te encontraram! Bendito sejas, Ab-bã, meu querido “papai”!
Meus queridos anjos...Bem-vindos! Bem-vindos à vida! Bem-vindos ao reino!
E lembrai sempre: esta “viagem” ao Pai não tem volta...

Em seguida, abraçou-nos um por um. Foi um abraço sólido. Inquestionável. Prolongado. Um abraço que ratificou a inesperada e cálida “consagração”.

Onde estávamos?
Eliseu, adiantando-se, refrescou-lhe a memória: Dizias que teu trabalho fora realizado. Dizias que agora conheces o homem, que poderias voltar, se assim quisesses, e assumir a soberania de teu Universo... Dizias também que, contudo, havias optado por te submeter à vontade do Chefe... E eu te perguntei: e o que ele disse?
Em palavras simples: que continuasse convosco, que cumprisse o segundo grande objetivo desta experiência humana... Que vos falasse d’Ele! Que acendesse a luz da verdade!
Jasão: Senhor, se vais nos falar do Pai, será bom que o definas, que nos digas o
que ou quem Ele é... Não esqueças que, no fundo, somos homens céticos... Céticos?
Retifiquei: Ignorantes.
Isso sim, querido Jasão... Mas não te alarmes. Ignorância e ceticismo têm jeito.
Lembra: para dar sentido à tua vida, para saber quem és, que fazes aqui e o que
te aguarda depois da morte, só precisas de vontade. Se queres, podes “saber”. E
agora vamos à tua pergunta. Lembrai sempre que, no futuro, quando chegar a minha hora, falarei como um educador. Esse será o meu papel. Por isso, tomai minhas palavras como uma aproximação à realidade. Por que digo isso? Simplesmente porque o finito, vós, não podeis entender, abarcar ou fazer seu o infinito. E isso é Ab-bã: uma luz, uma presença espiritual, uma realidade infinita que, por ora, não está ao alcance das criaturas materiais. Mas vai estar.
Eliseu: Uma Luz! Uma energia que, obviamente, pensa!
Obviamente...
Eliseu: que pena! O assunto do ‘Barbudo” me agradava...
Não, meu querido anjo. Isso está bem. Por que achas que utilizo a palavra “Pai”?
Porque ele é. O Chefe, como tu o chamas, e muito acertadamente, claro que não
tem um corpo físico e material. Mas é uma pessoa. É um Ab-bã, no sentido literal da expressão. Ele é o princípio, o gerador, a fonte que sustenta a Criação... Podeis imaginá-lo como quiserdes. Podeis defini-lo como gostardes. E eu vos digo que sempre ficareis aquém... É lógico que te perguntes isso. Minhas pequenas e humildes criaturas do tempo e do espaço, as mais limitadas, têm dificuldade para imaginar uma
personalidade que careça de um suporte físico visível. Mas eu vos digo que a personalidade, incluindo vosso caso, é independente da matéria que habita. Mais adiante, quando seguirdes ascendendo até o Pai, tua personalidade, Jasão, continuará viva. Mais viva do que nunca, apesar de ter perdido o corpo que agora tens. Serão tua mente e teu espírito que irão forjar e dominar essa personalidade. Na verdade, isso está ocorrendo neste instante. É cedo para que o entendais na plenitude, mas em verdade vos digo que a personalidade humana não é outra coisa senão a sombra do pai projetada nos universos. O problema, insisto, está em vossa finitude. Estudando essa
“sombra” jamais chegareis a descobrir o “proprietário” e causador da mesma. Mas não desanimeis. Tudo em seu momento. Chegará o dia em que estareis na presença de Ab-bã. Então, só então, começareis a compreender e a compreendêlo. Se Ele não tivesse essa personalidade, o grande objetivo de todos os seres vivos seria estéril. É Sua personalidade, apesar da infinitude, que faz o “milagre”. Assim como um pai e um filho se amam e se compreendem, da mesma forma acontece com o grande Pai e todos os seus filhos...Ele é pessoa. Vóis sois pessoas. Mas, como vos digo, deixai que se cumpram os desígnios de Ab-bã.
Eliseu: Seus desígnios? E por que não fala com mais clareza? O que ele quer?
Em primeiro lugar, que saibas que ele existe. Para isso estou aqui. Para revelar
ao mundo que Ab-bã não é um belo sonho de filosofia. Existe!
Existe!
Em segundo lugar, o Pai, teu Pai, deseja que o procures, que o encontres...
Como, Senhor? Tu mesmo acabas de reconhecer... Somos finitos, limitados, os últimos dos últimos... Parece que o Chefe descuidou-se ao pensar em nós...
Não, querido “ajudante”. No Reino de Ab-bã não existem descuidos. Tudo é minuciosamente planejado. E, embora não acredites, vós dois e continuareis sendo a admiração dos universos...
Nós?
Imaginas por quê?
Não tenho idéia...
Vós, o mais denso e limitado, possuis alguma coisa da qual não desfrutam outras criaturas concebidas na perfeição: tendes a maravilhosa virtude de ascender e progredir... sim, de saber, sem ter visto. Tendes a invejável capacidade de acreditar, de confiar... sem provas.
Exageras...
Não, não exagero. E esse é o “como”. Essa é a resposta à tua pergunta. Por ora,
só podes buscar o Pai com a ajuda da confiança. Esse é o plano. Isso é o
estabelecido. Progredir. Progredir...
Aqui? Neste lixão?
Aqui, neste atormentado mundo, e naqueles que te reservo depois e sempre... Já
me ouviste. Para chegar à presença de Ab-bã, primeiro deves percorrer um longo caminho, muito longo. Esse é o objetivo. É a única razão da tua existência: uma aventura fascinante...
Eliseu: Um longo caminho... Muitos, em nosso mundo, pensam que o “Barbudo” os espera do outro lado da morte. Dizem e acreditam que os justos serão recebidos de imediato em sua presença. Tu, por outro lado, falas de um longo caminho.

Naquele instante – coincidência? -, uma enorme e bela mariposa quadriculada em branco e preto, atraída pela luz da fogueira, foi pousar na ponta do galho com o qual brincava o Mestre. E Jesus, aludindo ao belo espécime, respondeu assim:
Dize-me, querido anjo, achas que essa criatura está em condições de compreender que um Deus, seu Deus, a está sustentando no ar?
Não, Senhor. A distãncia é grande demais...
Então, agitando o pedaço de pau, a obrigou a voar.
Tu o disseste. A distância é grande demais. Pois bem, aquela que agora te separa de Ab-bã é infinitamente maior. Se um mortal fosse transportado, depois da morte, à presença do Pai, em verdade te digo, reagiria como essa mariposa. Não saberia, não teria consciência de onde está nem de quem a sustenta no ar... Felizmente, vós sois muito mais que uma mariposa. E podeis estar seguros do que digo: chegará o dia, quando tiverdes crescido espiritualmente, quando tiverdes progredido, em que vereis o Chefe e compreendereis.
Eliseu: Mas é tão grande?
Não existem palavras, querido “ajudante”. Ele sustenta e contempla os universos na palma de sua mão. É todo presente, mas está no futuro. É o único santo, porque é perfeito. É indivisível e, não obstante, se multiplica sem parar.
Ele te imagina e apareces...
Eliseu: Bonito, muito bonito, mas a Ciência...
Não te equivoques. Nem a Ciência nem a razão nem mesmo a filosofia poderão demonstrar, jamais a existência do Pai.
Teu Chefe é mais esperto, imaginativo e amoroso do que supões. Ele não está à
mercê de hipóteses ou postulados. Ele só está à mercê do coração...

Então, apontando as evoluções da mariposa em seu vôo, afirmou:
Aí levas vantagem. Vós, sim, podeis experimentar Deus... Eu disse experimentar, não demonstrar... Nessa busca, quando o homem persegue e anseia por Deus, sua alma, ao encontrá-lo, nota, percebe, experimenta sua presença. Isso é suficiente... por ora.
Eliseu: Experimentar o Pai? E como se faz isso, como se sabe disso?
Não escutaste minhas palavras. Quando um ser humano “toca” o Pai, quando Ele te “toca”, a alma fica em pé. É uma sensação única. Clamorosa. E uma magnífica segurança te acompanha por toda a vida...Mas esse benéfico sentimento é pessoal e intransferível. É difícil de explicar, mas tão real como a visita da ternura, da compaixão ou da alegria. Por isso, Jasão, porque se trata sempre de uma experiência, de um sentimento pessoal, não escrevas para convencer. Faça-o para insinuar. Para ajudar. Para iluminar.

Mensagem recebida.
... Não ‘vendas’, querido anjo. Não grites o nome do pai. Não obrigues. Não discuta. Cada um, segundo o estabelecido, receberá o “toque” em seu devido tempo. Não há pressa. Ab-bã sabe. Ab-bã reparte.
Eliseu: Um Deus sem pressa. Eu gosto disso.
Um Deus-amor que já está em ti...
E o Mestre tocou o peito do engenheiro com o galho que segurava.
Eliseu: O “Chefão” está aqui?...E eu com estes pêlos!
Não acreditas em mim?
Eliseu: Tu disseste, Mestre. Somos matéria finita... O Pai, se quisesse entrar em
mim, se sentiria muito incômodo.
Ouvi atentamente. Escutai os dois. O que agora vos anuncio fará parte da mensagem quando chegar a minha hora. Dizei-me, alguma vez menti para vós?
O “não” foi instantâneo.
Muito bem, eu vos digo que o Pai já está em vós...
Jasão: Sim, faz um momento que o invocaste. Foste muito generoso ao nos converter em teus embaixadores.
Não, isso só foi uma consagração formal. Mas Ab-bã já estava em vossas mentes.
Eliseu: Claro, muitas vezes pensamos n’Ele.
Não compreendeis. Eu vos estou falando de um dos grandes mistérios da Criação. O Pai, em sua infinita misericórdia, em seu indescritível amor, há muito instalou-se em vós...

Cada criatura do tempo e do espaço recebe uma diminuta fração da essência divina. O Pai, como eu vos disse, embora único e indivisível, se fraciona e vos procura. Instala-se em cada um de vós, os menores do reino.
Jasão: Trata-se de uma parábola?
Não, Jasão, isto é real. E não me perguntes como ele faz isso porque ninguém sabe. É uma de suas grandes prerrogativas. Ele, assim, “sabe”. Ele, assim, “está”. Ele, assim, se comunica com a criação e as faz uno com cada mortal inteligente.
Jasão: Mas como é isso? Como um Deus pode habitar o meu interior?
Vedes as centelhas? Pois na verdade eu vos digo, alguma coisa semelhante acontece com o Pai. Uma “centelha” divina, uma parte d’Ele mesmo voa até cada criatura e a torna imortal. Foi justamente para isso que eu vim. Para revelar ao mundo que sois filhos de um Deus... E o sois por direito próprio.
Eliseu: Mas, Senhor, não percebo nada especial... Se o “Chefão” estivesse em meu interior, eu teria notado.
Tu o percebes, querido “ajudante”, o percebes... O problema é que, até agora, não sabias. Podias intuí-lo, mas ninguém te havia confirmado isso.
Eliseu: Eu o percebo? Tu acreditas nisso?
Vou te dizer uma coisa. Que opinião tens dessa bela mariposa? Por que ela se sente atraída pela luz?
Eliseu: Isso é instintivo. Correto. Ela não tem consciência, no entanto “algo” a empurra. Muito bem, convosco, os seres humanos, acontece a mesma coisa. “Algo” que não podeis, que não sabeis definir, vos impele a pensar em Deus. “Algo” desconhecido vos proporciona a capacidade intelectual suficiente para que penseis no problema da
divindade. “Algo” sutil vos arrasta até o mistério de Deus. Ninguém está livre
dessas inquietações. Cedo ou tarde, em maior ou menor medida, todos se fazem
as mesma perguntas: “Quem sou?”, “Existe Deus?”, “O que quer de mim?”, “Por que estou aqui?”. Nunca percebeste essa inquietação? Agora sabes. Esse impulso, essa necessidade de conhecer, de saber de Deus, é alimentada pela “centelha” que mora dentro de ti. Essa “presença do Chefe” em teu íntimo é o que realmente ter torna diferente. É o que aperfeiçoa e corrige teus pensamentos. Aquilo que, às vezes, escutas falando contigo em voz baixa. Que sempre tem razão. Que, de forma definitiva, te “puxa” para Ele.
Eliseu: E a mariposa, Senhor, também é habitada pelo “Barbudo”?
Não, querido menino...Já te disse: vós sois muito mais que uma mariposa. Os animais são movidos pelo instinto. Em certas ocasiões podem demonstrar sentimentos, mas nenhum, jamais, pensa na necessidade de procurar Deus. Nem sequer têm consciência de si próprios. A “centelha” do Pai, como eu disse, é um presente exclusivo aos seres humanos...
Eliseu: E os teus anjos? Também recebem a “centelha” do Chefe?
Não, caro... Não me ouves quando falo. Essa magnífica e divina presença do Criador alcança unicamente a vós, as criaturas do tempo e do espaço. As mais humildes...
Eliseu: Que luxo! E por que nós?
Isso irás compreendendo pouco a pouco, conforme estiveres subindo...
O Pai é assim: um Paizão...

A Jasão:
Estás muito calado...
Jasão: Tudo isso é muito para meu pobre e pequeno conhecimento, Senhor... Mas já que falas nisso, dize: essa “centelha” tem alguma coisa a ver com a famosa frase...?
Sim, Jasão...”Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”.
Eliseu: Agora eu entendo, agora eu entendo tudo.
Tu, meu querido “ajudante”, és igual a Deus porque o levas no teu íntimo. E não são simples palavras... Tu és sua imagem. Mais ainda, tu és Deus!
Eliseu: Eu, Senhor, sou só um pobre “destroça-patos”...
Tu és Deus!
Eliseu: Eu te digo que não.
E eu te digo que sim!
Eliseu: Não!
Sim!
Jasão: Paz!...Eliseu: Bem, se tu o dizes...
Eu o digo e confirmo. E te direi mais: algum dia “trabalharás” ao seu lado,
criando e sustentando... Como Ele.
Eliseu: Eu, um Chefão?
Por que crês que Ab-bã pensou em ti?
Jasão: Boa pergunta, por que, Senhor?
Porque o amor não é possessivo. O amor do Pai, como a luz, se move numa direção: para a frente. Ele, embora não podeis compreender isso, precisa de vós. Ele será Ele quando toda sua criação for Ele.
Jasão: Vamos ver se entendi. Estás insinuando que o ser humano é imortal?
Não insinuo...Afirmo! Sois imortais! Assim quis o Pai.
Estou aqui para revelar o Pai. Para dizer ao confuso e confundido homem que a esperança existe... Que sois filhos de um Deus! Que fostes escolhidos pelo infinito amor de Ab-bã! Que estais, simplesmente, no princípio! Se ele não vos tivesse feito imortais... tudo isso seria, sim, uma brincadeira. Uma trágica brincadeira... Mattenab. Um “presente”. A imortalidade é um presente. O homem deve saber que é imortal por desejo expresso do meu Pai. Faça o que ele fizer, diga o que disser... Para aqueles que fazem o mal ou, simplesmente erram, existem outros procedimentos... Em verdade vos digo que ninguém escapa do amor de Ab-bã. Cedo ou tarde, até os mais iníquos são “tocados”... O Pai é magnífico! É teu Pai verdadeiramente grande e generoso! Tão imenso que fica em pé no menor espaço! Não vim impor nada. Só revelar. Lembrar qual é o verdadeiro rosto de Deus e qual a autêntica condição humana. Minha mensagem é clara e fácil de entender:

Ab-bã é um Pai íntimo, amoroso, eu não precisa de leis escritas e muito menos de proibições. Quem o descobre sabe o que fazer. Sabe que tudo consiste em amar e servir, começando pelo próximo. Sabeis por quê? Sabeis por que deveis auxiliar e amar os vossos semelhantes? Por questão de ética? Não. Por solidariedade? Não. Por lógica? Está perto. Por bom senso. Lembrais da “centelha” divina? Pensai... Se Ab-bã é o Pai de todos os seres humanos, se Ele reside em cada homem, se Ele vos imagina e apareceis, o que sois na verdade? Não sois irmãos na fé. Sois irmãos... fisicamente. Sois iguais!

Segunda parte da mensagem do Filho do Homem:

se Ab-bã é o vosso Pai, o mundo é uma família. Por isso deveis amar-vos e ajudar-nos uns aos outros. Por bom senso. Todos tendes o mesmo destino: chegar a Ele: ricos e pobres, escravos e senhores, ignorantes e sábios, judeus e gentios. O Filho do Homem não vem impor. Só inspirar. Meu trabalho não consiste em derrubar, mas em insinuar.

Eu sou a verdade e todo aquele que ouvir minha palavra será tocado e movido. Deixai que a “centelha” interior faça o resto... Deixai que se cumpram os planos do Pai.

Yaveh não é Ab-bã, mas cumpriu com o disposto: o homem respeita a Lei. Agora é a vez da revelação. Acima da Lei está sempre a verdade. E a verdade é uma só: sois filhos de um Deus-amor. A “centelha” interior faz o resto. Ela te “puxa”... Essa misteriosa Cristura se ocupa, entre outras coisas, de preparar tua alma para a vida futura, para a verdadeira vida. De certa forma, vai te treinando... O Chefão é muito silencioso. Não gosta de gritos. Ele limita-se a polir e retificar teus pensamentos. Mas o faz na sombra de tua mente. Escondido. Quase um prisioneiro. Para ajudá-lo, basta tua boa vontade. Basta o desejo de amar, de prosperar em conhecimentos, de
aceitar que Ab-bã é teu Pai. Ele, pouco a pouco, estreitará essa comunicação. E
chegará o dia em que não vai precisar mais de símbolos para te dizer:

“Coragem! Estou aqui. Escuta minha voz. Sobe. Vem até mim...”

Tua mente é um navio, Ab-bã é a “centelha” interior, o piloto, e tua vontade é o
capitão. Tu mandas...Pena que não vos deixeis guiar por Ele! Com freqüência seu rumo é alterado por vossa incompetente natureza humana e, sobretudo, pelos medos, idéias preconcebidas e sabe-se lá o que mais... O homem sente tanto medo porque não sabe, não está consciente disso que vos estou revelando. No dia em que acordardes, e não tenhais dúvidas de que o fará, e compreenderdes que é filho de um Deus, que é imortal e que está condenado a ser feliz, nesse dia, meus queridos anjos, o mundo será diferente. O ser humano só terá um temor: de não parecer com Ele... Mas esse “medo” também acabará desaparecendo. A “centelha” irá sufocá-lo.

O êxito do meu Pai está intimamente ligado ao teu poder de decisão. Se tu
confias, Ele ganha. Pouco importa no que acreditas. Se o procuras, se o
persegues, a “centelha” controla o rumo. E tu, pouco a pouco, vais te tornando
uno com ‘ela”.

Eu vos direi um segredo... Observai a madeira. Faz-se uma com o fogo, e ambos. Inevitavelmente, sobem. Enfim, são verdadeiramente livres... Olhai! Olhai bem!
Agora, fogo e madeira são um só...Compreendestes? Muito bem, este é o segredo. O homem, a madeira, que conseguir identificar-se, fazer-se uno com o Ab-bã, o fogo... não morrerá! Seu invólucro mortal será consumido pela “centelha”, pelo Amor, e não precisará ser ressuscitado... A “centelha” é uma “criatura misteriosa”. Lembrai da mariposa...Por mais que vos empenheis, não vos entenderá. Se lhe disseres quem és, nem sequer te escutará. Ainda que eu te revelasse a verdadeira natureza dessa “centelha”, não compreenderias. Aceita, pois, minha palavra. A presença divina que habita em ti é uma luz, um cintilar do Pai... com sua própria personalidade. É, portanto, uma criatura, embora ainda desgarrada do Criador. Ele se instala no ser humano, geralmente quando a criança se torna capaz de tomar sua primeira decisão moral. E o acompanha além da morte. Lembra: sois imortais. O Pai, quando dá, não faz as coisas pela metade. O que acontece com a “centelha” quando alguém mata seu próprio irmão ou se suicida? O mais triste e lamentável não é só que atentes contra a vida, patrimônio exclusivo da divindade, mas que, repentina e inadvertidamente,
suspendas o trabalho da “centelha”. Literalmente, a deixas órfã. Um gesto assim
atrasa, mas não suspende a escalada em direção ao Pai. Permiti que eu insista:
sois imortais. Ninguém pode privar-vos dessa herança. Ab-bã a entregou a vós adiantado. Tudo consiste em descobrir, em procurar o Chefe. Mas, como é que se faz isso?

Abandona-se em suas mãos. Só isso. Mais nada. Ele submeteu-se à tua vontade. Ele está em teu interior, humilde, silencioso e atento aos teus desejos de prosperar mental e espiritualmente. Faze tu a mesma coisa. Entrega-te a ele. Não sejas bobo e aproveita: abandona-te em suas mãos. Deixa que se faça a sua vontade. Eu vos farei outra revelação... Eu conheço o Pai. Vós, ainda não. Falo-vos, pois, com a verdade. Sabeis qual é o melhor presente que podeis dar a Ele? O mais refinado, o mais singular e acertado presente que a criatura humana pode dar ao Chefe é fazer sua vontade. Nada o comove mais. Nada é mais compensador... Fazer a vontade do Pai não significa escravidão nem renúncia. Tuas idéias são tuas. Assim como tuas iniciativas e decisões. Fazer a vontade de Ab-bã é confiar. É um estilo de vida. Que Ele cuida.
Quando um filho toma essa suprema e sublime decisão, o salto para a fusão com
a “cetelha” interior é gigantesco. Essa é a chave. A partir daí, nada é igual. A
vida muda. Tudo muda. E o Chefe responde... O Pai responde e uma força benéfica, avassaladora, coloca-se a serviço dessa criatura. Quando o homem diz “estou em tuas mãos” está dando tudo. E Ab-bã transforma esse filho num gigante. Nem ele mesmo chega a se reconhecer. Isso é muito mais do que aparenta ser. O homem que decide fazer a vontade do Pai torna-se pleno. Até seus menores desejos se realizam. Simplesmente, como eu vos disse, desperta para a glória e o Amor de Ab-bã. É o grande acontecimento. Sua vida, a partir de então, é uma constante e gratificante surpresa. É o princípio da mais fascinante das aventuras... Significa saber. Obter respostas... Por exemplo, quem sou eu? Nesse instante é fácil. És um filho do Amor. Um “presente” do Chefe. Um ser imortal. Uma criatura nascida no mais baixo... destinada ao mais alto. Um homem que começa a correr. A correr até Ele.

Por exemplo, o que faço aqui? Ao descobrir o Pai, isso também é fácil. Estás neste mundo para VIVER. Escreve com maiúsculas...VIVER...Não disse viver tal como entendeis. Se o Pai vos colocou aqui é por alguma coisa realmente interessante... Interessante para vós. Escutai-me: sois imortais! Agora estais presos nesse invólucro carnal, mas em breve, quando entrardes nos mundos que tenho reservado para vós, este corpo será apenas uma lembrança.

Uma lembrança cada vez mais difusa... VIVEI, pois, a atual experiência! VIVEI com intensidade! VIVEI com amor! Com bom senso! Com alegria! E lembrai que tendes apenas esta oportunidade. Depois, após a morte, VIVEREIS de outra forma...

Por exemplo, qual é meu futuro? Suponho que já adivinhastes. Insisto: vosso destino é Ele. Não existe outro caminho. Vosso futuro é chegar a Ele. Ser como Ele. Ser perfeitos. Conhecê-lo. Trabalhar ombro a ombro...Quando decides colocar-te em suas mãos, quando optas por fazer sua vontade...já és seu sócio! Ele fará maravilhas em ti. Ele te cobrirá com um Amor que te levantará do chão. E teus medos, ouve bem, desaparecerão...

Quando teu coração se abre e se faz aliado da vida, quando te abandonas à sua vontade, nada, dentro ou fora de ti, te fará tremer. Como um milagre, tua alma caminhará segura. Nada, nada te fará retroceder! E essa sensação, esse sentimento de segurança te acompanhará até o fim de teus dias. Mas não vos equivoqueis. Ao mesmo tempo que esse homem afortunado cresce, assim desaparece...

O amor que se derrama do Pai é turbulento. Não conhece descanso. E deverás irradiá-lo. Compartilhá-lo. Catapultá-lo. Não é propriedade tua. Pois bem, um dia, sem prévio aviso, perceberás uma coisa igualmente maravilhosa: não existes! Desapareceste para ti mesmo! Não contas! Não exiges! Não precisas! Não reclamas! Terás triunfado! Nesse momento, enfim, terás compreendido, querido “sócio”...

Se guardasses esse Amor para ti mesmo, escorreria, irremediavelmente, pela calha do barco. Seria uma pena. Terias que começar tudo de novo... Aquele que tenta prender a verdade... a perde. Sois irmãos. E te direi mais: isso não acontece jamais com um autêntico “sócio”. Eu te disse: trata-se de uma viagem sem volta. Quando Ele te “toca”... nada continua igual. Sócios de um Deus. E tudo depende da tua vontade... Quando dizes “sim”, quando te abandonas em suas mãos, quando te deixas governar por esse “piloto” interior, rompes as barreiras que te limitavam. E tua capacidade de assombro outra vez irá transbordar. Tudo, ao teu redor, estará a teu serviço. Teu “sim” é o “sim” de Ab-bã. Em palavras mais simples, terás encontrado uma mina de ouro... Tereis encontrado uma mina de ouro... que funciona sozinha! É grátis! Pensai nisso. E depois me dizei... Ou melhor dizendo, dizei a Ele. E agora ide descansar. Se conseguirdes...

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JcShow

O que é ser Voluntário!

Acordemos

É sempre fácil examinar as consciências alheias, identificar os erros do próximo, opinar em questões que não nos dizem respeito, indicar as fraquezas dos semelhantes, educar os filhos dos vizinhos, reprovar as deficiências dos companheiros, corrigir os defeitos dos outros, aconselhar o caminho reto a quem passa, receitar paciência a quem sofre e retificar as más qualidades de quem segue conosco... Mas enquanto nos distraimos, em tais incursões a distância de nós mesmos, não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição. Enquanto nos ausentamos do estudo de nossas próprias necessidades, olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva, somos simplesmente cegos do mundo interior relegados à treva... Despertemos, a nós mesmos, acordemos nossas energias mais profundas para que o ensinamento do Cristo não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida, porque o infortúnio maior de todos para a nossa alma eterna é aquele que nos infelicita quando a graça do Alto passa por nós em vão!... Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito André Luiz. Araras, SP: IDE. 1978.