
Escutai atentamente. Agora devo deixar-vos por alguns dias. É preciso continuar ocupando-me dos assuntos de meu Pai... Esperai tranqüilos. É a hora do rebelde e do príncipe deste mundo...
A Volta
Era um Jesus diferente. Radiante. A habitual e penetrante luz de seus olhos agora parecia multiplicada. Aquela figura nada tinha a ver com a do Galileu que nos deixara uma semana antes. Mais ainda, a luminosidade era infinitamente mais acurada que a irradiada durante toda a permanência no Hermon.
Fez-se a vontade de Ab-bã. Agora sou eu o Príncipe deste mundo. Vou lhes contar um conto...
Faz tempo, muito tempo, o grande Deus encomendou a um de seus Filhos a criação de um novo universo. E esse filho construiu um magnífico reino, repleto de estrelas e mundos. Era um Universo imenso. E aquele Filho governou com amor e sabedoria durante milhares e milhares de anos.
Mas aconteceu uma coisa...
Certo dia, numa região afastada, vários dos príncipes a seu serviço, chefes de outros tantos mundos, decidiram rebelar-se contra a autoridade do filho e soberano. Não acreditavam mais em sua forma de governo e incitaram outros príncipes próximos a se manifestarem contra o estabelecimento. E tentaram formar seu próprio reino, rejeitando o monarca e, de forma definitiva, o grande Deus.
O Filho, lançando mão do amor e da misericórdia, tentou restabelecer a ordem. Foi inútil. Os rebeldes, mergulhados no erro, desprezaram todas as tentativas de
reconciliação. Finalmente, esse Filho divino tomou uma decisão: viajaria incógnito até os longínquos mundos dos infratores, fazendo-se passar por um modesto carpinteiro. Escolheu um dos planetas e ali nasceu como um homem comum. E assim viveu, sujeito à carne, e ensinando a verdade aos povos. Mostrou-lhes quem era na verdade o grande Deus. Falou do esplêndido futuro que os aguardava e, acima de tudo, lembrou-lhes de que eram filhos desse maravilhoso Pai. Mas a fama daquele Homem-Deus acabou chegando aos ouvidos dos príncipes rebeldes. E aconteceu que, em certa ocasião, quando o carpinteiro rezava no alto de uma montanha nevada, dois dos traidores se apresentaram diante dele, fazendo todo tipo de perguntas.
“Quem és...? Como te atreves a falar desse Deus? Quem te enviou?”
Por último, convencidos de que estavam diante do Filho e soberano do universo, fizeram-lhe uma proposta: “Une-te a nós!”
E o Filho respondeu:
“Que seja feita a vontade do Pai”.
Os rebeldes, derrotados, foram embora. E todo o universo, sabendo daquela conversa, elogiou a misericórdia do Filho e soberano. Desde então, o Deus disfarçado de homem e carpinteiro ostentaria também o título de Príncipe da Terra.
A partir desse fato, os rebeldes ficaram “prontos para a sentença”. Ao rejeitar,
uma vez mais, a misericórdia, a sorte de todos eles depende agora de “outras
instâncias”. E continua assim.
Segundo o Mestre, devemos procurar uma das razões da violência e primitivismo da Terra justamente nas conseqüências dessa infeliz rebelião. Ao trair as leis divinas, nosso mundo, como o resto dos planetas que se insurgiu contra Ab-bã, ficou automaticamente incomunicável e afundado na escuridão e barbárie. E “tecnicamente”, continua assim. Só quando for levantada a “quarentena”, a humanidade – esta infeliz humanidade – recuperará a normalidade.
Quando chegará esse venturoso dia?
Quando os rebeldes forem julgados. Mas isso não está em minhas mãos. O que estava, sim, ao alcance do Filho do Homem era consolar e iluminar as criaturas que sofrem – e sofrerão – esse isolamento. E escolheu um desses mundos rebeldes, plantando a semente da esperança: Ab-bã existe. Ab-bã espera. Ab-bã vos ama...
Na véspera da segunda-feira, 17 de setembro, antes de descansarmos, Jesus de
Nazaré deu uma última ordem:
Preparai-vos. Amanhã partiremos. A hora do Filho do Homem está próxima...
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